sábado, 19 de novembro de 2011

Afinal o que é sustentabilidade?

Ainda não consigo ver a sustentabilidade como um conceito, teoria ou tese que estejam prontas e acabadas, por isso, não consigo defender essa ideia por este caminho. Assim, para definir este tema tão complexo, costumo usar uma abordagem que parte de algo mais abrangente, acredito que até etério, nesse sentido, gosto da ideia inicial de encarar a sustentabilidade como um movimento, que vai se estreitando e chega mais próximo de uma aplicação mais pragmática aplicada ao contexto empresarial e da gestão das atividades economicas.

Neste sentido, costumo definir a sustentabildiade como:

Um movimento em construção, discutido e explorado há pouco tempo pelo homem e que visa dar equilíbrio entre suas relações com meio e contexto em que está inserido.

Dirigida ao meio empresarial

Vejo a discussão como um movimento também, mas que provoca empresas gerirem e serem integralmente responsáveis pelo seu negócio, assegurando sua viabilidade econômica, aceitação cultural e política, por meio de uma postura inclusiva e respeitosa com as pessoas, além de eficiente e responsável no uso dos recursos e serviços ambientais.

Concretamente esse movimento demanda do meio empresarial ter uma agenda que gire entorno de alguns temas essenciais como:
Fabiano Rangel
Blog Sustentabilidade em Movimento

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Consumidor negro sofistica compras II - Liberdade de expressão

Matéria recente (08/11/2011) do Valor Econômico " Consumidor negro sofistica compras", infelizmente evidencia o quanto ainda vivemos em um país carregado de desigualdades e o mais triste e complexo é que uma parte significativa dessa desigualdade se acentua por preconceitos, o que chega a ser paradoxal, considerando que vivemos em um país livre e economicamente regido pelo sistema capitalista, onde a gestão de riscos, lucros e negócios deveria ter um olhar realmente mais pragmático sobre números.

Números estes que a matéria correlaciona, demonstrar o quanto ainda somos carreado por uma herança escravocrata medíocre, indigna, desumana e muitas vezes contaminada por um elitismo (não confundir com elite, até porque existe muita gente na elite que trabalha a favor do desenvolvimento do país e que se importam com o bem estar das pessoas), que apenas se sofisticou tornando sutil e velado o preconceito, ainda presente e que só traz prejuízos ao desenvolvimento do país.

Um preconceito descabido que cria e fomenta uma base artificial da pirâmide que se desenvolvida, reduziria ainda mais nossa dependência de mercados externos, em especial para os setores e mercados que vivem de demandas por bens de consumo duráveis e não duráveis e de tabela alavancaria a demanda por commodities das quais somos grandes produtores e que nossa mediocridade faz questão de mandar para fora aumentando ainda mais a pegada de carbono e o impacto ambiental destes processos.

Os números da matéria não me surpreendem tanto, uma vez que há algum tempo vem acompanhando essa discussão, mas me indigna sim a forma como “naturalizamos” essa desigualdade. Essa é uma questão que chama atenção e me intriga um pouco mais, ver a forma como nos parece “natural que os negros tenham acesso mais lento aos bens de consumo não duráveis” – fala da matéria, isso na minha leitura mostra a sutiliza com a qual cristalizamos preconceito de forma velada, neste caso racial.

Imagine se não é o mesmo que dizer "é natural que os brancos ganhem mais, porque são brancos ou porque não foram escravizados, ou porque se empenharam mais". Nestas horas sempre lembro do conceito trabalhado pelo Amathya Sen de "Desenvolvimento como Liberdade". Não haverá real desenvolvimento sem inclusão, respeito, valorização da diversidade e consequentemente equidade entre as oportunidades e isso é uma demanda que não pode ser delegada para às próximas gerações, precisa acontecer aqui e agora. Mudar o jeito de pensar e ver as coisas, reconhecendo preconceitos e trabalhando contra isso já é um bom caminho.


Entre os negros ainda temos mais 50% dessa população na classe D e E, ou seja, muito trabalho no plano das políticas macroeconômicas a serem feitas. Empresas atentas a essa ascensão certamente terão uma preferência diante desses consumidores.

Consumidor negro sofistica compras

Por Letícia Casado | De São Paulo
Data: 08/11/2011

O crescimento da economia brasileira mudou o padrão de vida da população negra do país, que chegou a um novo patamar de compras: o de bens duráveis mais sofisticados. Estudo recente do Data Popular mostra que os negros aumentaram as compras de máquina de lavar, computador e carro.
Segundo Renato Meirelles, diretor do Data Popular, "o consumo do branco é para repor, enquanto o do negro, muitas vezes, é a primeira aquisição da casa". Meirelles diz que a distribuição de renda dos últimos anos favoreceu o crescimento da classe média. Em 2004, 33,7% dos negros pertenciam à classe C; 51,9% à D; e 11% à E. O cenário mudou: em 2009, eram 44,9% na C; 43,5% na D; e 6,6% na E. Para Athayde Motta, diretor executivo do Baobá, associação que defende a equidade racial, a migração da classe D para a C foi a maior surpresa do levantamento.

Entre os negros, 20% tinham carro próprio em 2009. A fatia dos não negros era de 41,4%. Os dois grupos usam o financiamento bancário como principal forma de pagamento. A diferença é maior quando o desembolso é à vista: os não negros (40,5%) prevalecem sobre os negros 32,7%). "É natural que os negros tenham acesso mais lento [a bens de consumo de maior valor agregado]. Carro não é barato e crédito não é imediato". De acordo com o Data Popular, os negros vão movimentar R$ 673 bilhões no Brasil em 2011 - um valor significativo. Em 2009, o valor ficou em R$ 584 bilhões, e em 2004, R$ 370 bilhões. Mas as diferenças entre negros e brancos, em termos de rendimento salarial e educação, ainda fazem com que o padrão de consumo dos negros seja inferior.

Em 2010, o rendimento médio do trabalhador negro foi de R$ 1.002 para homens e de R$ 672 para a mulheres, segundo dados do IBGE atualizados pelo Data Popular, que usou o INPC de setembro deste ano. A população não negra, que reúne brancos, amarelos, indígenas e aqueles que não declaram a cor da pele, registra rendimento bem maior: R$ 1.795 para homens e R$ 1.183 para mulheres. Por pertencerem em maioria à classes C, D e E, os negros recebem salários menores e isso puxa a média salarial do grupo para baixo. "De fato, o negro ganha menos e o branco ganha mais."

A educação é outro ponto importante. Meirelles diz que a qualidade do estudo está vinculada à classe social, assim como o acesso ao ensino superior - e os mais qualificados são aqueles que conseguem os melhores empregos. Por isso, acrescenta, "são muito importantes as ações afirmativas" como cotas raciais em universidades, por exemplo. "Ainda existe racismo no
nosso país", diz o diretor do Data Popular. Meireles também sente falta de "estratégia de
marketing" voltada para o consumidor negro.
Mari Zampol, diretora geral de planejamento da agência de publicidade Talent, não concorda. Para ela, a abordagem por cor da pele só se justifica no caso dos produtos de beleza. Caso contrário, afirma, a propaganda vai excluir - e não incluir - o consumidor.

O levantamento do Data Popular considerou uma base de dados com 18 mil pessoas, em um universo de 99,8 milhões de brasileiros (51,7% da população), que se declararam negros ou pardos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE em 2009.