Artigo recente (22/03/2011) publicado no Jornal Valor Econômic (replicado abaixo), provavelmente motivado pelo dia internacional da água, apresenta de forma concretra e didática a associação entre eficiência, inovação e diferenciais alinhados as premissas de sustentabilidade, como algo que está deixando de ser uma tendência e se já materializando como projetos práticos e diferenciais competitivos.
Não tenho dúvidas que as empresas com profissionais e processos melhor preparados sobre estas premissas, terão melhores condições de alavancar ou sustentar mercados no futuro próximo. Restará saber quantos CEOs e empresas dotadas de suas racionaliades e busca por resultados terão visão aponto de ampliar seus horizontes e identificar as relações sistemicas e percepção de médio e longo prazo nas suas dinâmicas de planejamento estratégico.
Na minha singela leitura, nenhum planejamento por melhor que seja e geralmente são muito bons, terá condições de ser eficiênte se não considerar três itens básicos de dificil ou quase impossível adaptação nas "planilhas de excel": pessoas, cultura e recursos e serviços ambientais. Contudo, não digo isso sob a visão estreita de olhar para esses elementos como apenas como recursos, processos de gestão e insumos, mas na sua complexidade de questões vivas, orgânicas e multirelacionadas.
Obviamente que o artigo, não responde a fatídica pergunta de quanto se ganha com a sustentabilidade, mas deixa indicativos fortes de quanto podemos deixar de ganhar e até perder ao ignorar essa perspectiva. Novamentes estamos diante de escolhas sobre um processo em movimento, mas não são escolhas aleatórias, podemos sim fazer desse um processo com discussões, visões e análises críticas para que se façam escolhas conscientes e mais a frente (não muito distante) se colha os frutos de tais escolhas, que irão variar de acordo com a qualidade das escolhas e profundidade dado ao processo.
---------------------- Fabricantes têm como objetivo utilizar 1,5 litro de água para cada litro de refrigerante
Setor de bebidas fixa metas cada vez mais ambiciosas
Rosangela Capozoli Para o Valor, de São Paulo 22/03/2011 Claudio Belli/Valor
Jorge Tarasuk: os investimentos nem sempre são vultuosos, mas garantem uma grande economia de água
As ações desenhadas no âmbito de uma política de redução de consumo de água, às vezes, podem não ser as mais sofisticadas do ponto de vista tecnológico, mas os resultados sempre são altamente positivos. Diminuir o gasto, evitar desperdício, promover a reutilização e buscar fontes alternativas de água são metas sustentadas pelas indústrias dos setores de bebidas e alimentos que têm a água como principal matéria-prima.
Os investimentos variam de acordo com as novas descobertas, que em alguns casos, apesar do baixo custo, permitem economias acentuadas. Os exemplos vão desde desembolsos em peças fundamentais à base de plástico que custam, no mercado, parcos R$ 10 até volumosos desembolsos que necessitam de quantias que beiram R$ 5 milhões. As ações são adotadas à medida que pesquisas apontam a melhor alternativa para atingir a meta proposta.
Algumas das ações da PepsiCo, segunda maior empresa de bebidas e alimentos do mundo, por exemplo, se basearam em medidas simples e eficazes e em outras que demandaram grandes desembolsos, mas os resultados foram surpreendentes. "Os investimentos nem sempre são vultuosos. A instalação de um aerador no sistema de jateamento de água do cortador de batatas, por exemplo, custou R$ 10 cada peça e garantiu uma economia mensal de 5 mil metros cúbicos de água nas 29 plantas da região", afirma Jorge Tarasuk, vice-presidente de operações da Divisão de Alimentos da PepsiCo América do Sul.
Na outra ponta, a construção de uma estação de tratamento de água absorveu aportes financeiros próximos de R$ 5 milhões, segundo dados da empresa. Pelos seus cálculos, no campo, hoje, a PepsicoCo economiza 10% do líquido em relação há três anos. O ramo de produção de bebidas obteve, no mesmo período, um uso 7% inferior. "Na lavagem de garrafas substituímos a água pelo ar esterilizado. Entre 2006 e 2015, a meta mundial da companhia é reduzir 20% de água na produção. Estamos na metade do caminho e alcançamos 15% de redução.
Na América do Sul, algumas unidades já conseguiram ultrapassar o índice, atingindo 25% na divisão de alimentos", garante. Se um simples aerador garantiu redução dessa magnitude, a construção da estação de tratamento de água trouxe benefícios ainda maiores a PepsiCo Brasil. "Com essa estação passamos a fazer uma economia de 500 milhões de litros/ano, ou seja, o correspondente a uma fila indiana de 25 mil caminhões pipa de São Paulo a Curitiba ou o equivalente a 250 mil piscinas olímpicas", exemplifica o vice-presidente.
A Coca Cola Brasil, concorrente da PepsiCo na área de bebidas, se debruça sobre o tema desde 1992. "Começamos a pensar mais sobre a redução de água, energia e resíduos sólidos há quase 20 anos", afirma José Mauro de Morais, diretor de meio ambiente da Coca Cola Brasil. A companhia, segundo Morais, adotou a política dos 3Rs: reduzir, recompor e reciclar. "Qualquer produto nosso tem entre 90% e 99,5% de água. Hoje, grande parte dessa água é captada e tratada. Repor é o item mais novo. A água é uma questão de sobrevivência do nosso negócio. É nossa matéria-prima", diz. Das 46 fábricas instaladas no Brasil, todas seguem essa política, segundo o diretor. Satisfeito com o progresso obtido nessa área, a Coca Cola, segundo Morais, há dez anos necessitava de 2,5 litros de água para produzir um litro de bebida. "Hoje já baixamos para 1,95 litro, o que significa uma economia de 23%", afirma. Treinamento em mão de obra, de acordo com Morais, tem sido o maior investimento dentro da indústria para atingir resultados satisfatórios. "Fazemos um encontro anual na Coca Cola e sempre estabelecemos uma comparação entre as empresas. Aquelas bem sucedidas na redução do consumo servem de espelho para as demais", diz. Ao invés de usar ar esterelizado na limpeza das garrafas, como faz a PepsiCo do Brasil, a Coca Cola "recupera a água de enxague". "Há tempos atrás essa água corria pelo ralo hoje vai para o tratamento", informa.
Apesar de ter avançado bastante na questão da economia, o diretor da Coca Cola acredita que até 2020 todas as unidades fabris conseguirão reduzir ainda mais o consumo água ao fabricar um litro de bebida com apenas 1,5 litro de água. "Algumas fábricas como a de Jundiaí, no interior de São Paulo, e a de Brasília, localizada no Distrito Federal, conseguiram atingir esse objetivo", garante. A PepsiCo do Brasil, segundo Tarasuk, necessita, em média, de 1,65 litros de água para cada litro de bebida produzida. Além de seguir de perto a questão da redução no consumo, Morais conta que a companhia também participa do Comitê das Bacias. "Essa é uma forma importante e inteligente de dar sustentabilidade à questão da redução da água", ressalta.
A novidade mais recente da fabricante americana de alimentos PepsiCo na área de sustentabilidade, fica por conta do desenvolvimento da primeira garrafa plástica feita a partir de materiais vegetais renováveis e 100% recicláveis. Em um comunicado, no último dia 15, a companhia informa que "futuramente, o grupo quer (...) incluir cascas de laranja, maçã, batata, aveia e outros produtos agrícolas derivados de atividades agroalimentares". Ainda de acordo com a nota divulgada, "a PepsiCo está em uma posição única para utilizar os produtos derivados agrícolas (...) a fim de fabricar uma garrafa ecologicamente correta para nossa produção de bebidas". A produção desta nova garrafa deve iniciar em 2012, em uma experiência piloto.
A PepsiCo já havia inovado com embalagens plásticas 100% recicláveis para as batatas fritas Frito Lay. Mas elas foram retiradas do mercado americano, porque os consumidores consideraram que os pacotes eram muito barulhentos. Para este novo projeto, a PepsiCo garante que a garrafa terá o mesmo aspecto, a mesma consistência e oferecerá a mesma proteção de uma garrafa plástica clássica. Na França, o grupo Danone anunciou na semana passada que seu produto Actimel seria vendido no país em uma garrafa plástica composta por 95% de cana-de-açúcar, após ter introduzido plástico vegetal para a elaboração de garrafas de água Volvic.
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