Segue matéria interessante publicada hoje no jornal Valor Econômico, falando sobre o impacto da baixa infraestrutura em muitas regiões do país em saneamento básico na produtividade da atividade econômica, neste caso, mais focada no setor industrial.
Neste caso, tenho uma visão um pouco mais cuidadosa quando falamos da entrada da iniciativa privada em realizar investimentos diretos em área de competência e responsabilidade da administração pública.
Não quero com isto dizer que não deva haver este diálogo e até parceria financeira nesta dinâmica, contudo, entendo que quanto mais próximo for o nível de investimento feito no
desenvolvimento de uma dada região/comunidade com o "core" da atividade econômica e do seu "Know How" de negócio, mas sentido faz,
porque este tende a ser mais legítimo e eficiente, inclusive, evitando um risco inerente de entrar em
searas de competência do poder público, que muitas vezes torna a empresa refém
da situação e ainda aumenta o risco de enfraquecer a presença do Estado local no local.
Contudo, questões estruturais básicas, principalmente em lugares de maiores carências sociais, ambientais e econômicas, para onde cada vez mais a atividade industrial tem rumado em função das áreas incentivadas, não podem ser ignoradas.
A matéria que segue abaixo vai nesta direção e apresenta dados importantes dos possíveis impactos diretos sobre a produtividade de uma dada
atividade econômica, em razão da falta ou baixo saneamento básico em comunidades no entorno das atividades econômicas e este nível de atenção e entendimento deve cada vez mais fazer parte do cotidiano dos gestores destas atividades, integrando uma lógica de gestão
sustentável e integrada a desempenho sustentável do negócio.
Boa leitura!
Fonte: Valor Econômico
http://www.valor.com.br/brasil/2867204/faltam-r-9-bi-anuais-para-saneamento-diz-cni
Faltam R$ 9 bi anuais para saneamento, diz CNI
Por Edna Simão | De Brasília
O
governo federal precisa investir cerca de R$ 17 bilhões por ano para conseguir
universalizar os serviços de água e esgoto no país, porém, essas aplicações não
passam de R$ 8 bilhões. Na avaliação da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), as deficiências na área de saneamento
básico reduzem a produtividade dos trabalhadores, aumentam os custos de
instalação de empresas e prejudicam o desenvolvimento de setores como o de
turismo.
Os
prejuízos para o setor produtivo serão discutidos hoje no seminário Saneamento
Básico: Como Eliminar os Gargalos e Universalizar os Serviços, organizado pela
CNI, em parceria com Instituto Trata Brasil e Associação Brasileira da
Indústria de Base (ABDIB). No evento, a indústria defenderá a criação de
incentivos, como desoneração dos investimentos, para aumentar a participação da
iniciativa privada no setor. Atualmente, apenas 10% dos brasileiros são
atendidos por empresas privadas de saneamento.
Um
levantamento feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e Instituto Trata Brasil,
com números referentes a 2009, mostra que a produtividade dos trabalhadores que
têm acesso à rede de saneamento básico é 13,3% maior do que aqueles que vivem
em cidades onde não há serviços de água e esgoto. Segundo estudo, a
universalização poderia injetar R$ 41,5 bilhões na economia por ano devido ao
aumento da produtividade do trabalhador, causado pela menor incidência de
doenças e, consequentemente, de ausência no trabalho. Esse ganho mais que
compensaria os investimentos que deveriam ser feitos para levar o saneamento
básico a 47% da população brasileira (91 milhões de pessoas) que não têm acesso
à rede de abastecimento de água e de coleta de esgoto.
Segundo
o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, o investimento em
infraestrutura registrou crescimento nos últimos anos, porém, é insuficiente
para as necessidades do país. Já o diretor de Políticas e Estratégia da CNI,
José Augusto Fernandes, disse que no seminário quer chamar a atenção do governo
sobre a necessidade de acelerar o ritmo dos investimentos. Além da desoneração
do investimento, a CNI vai defender a melhora do sistema de regulação e a
realização e choque de gestão e eficiência.
Para
suprir a falta de investimentos, empresas privadas estão destinando recursos
para melhoria do saneamento básico. A Veracel Celulose investiu em projeto de
saneamento básico para beneficiar duas comunidades que vivem próximas as suas
fábricas. Em Barrolândia, no município de Belmonte (BA), a companhia construiu
12 quilômetros de redes de esgoto 6 quilômetros de drenagem fluvial, além de
uma estação de tratamento de esgoto. No distrito de Ponto Central, no município
de Santa Cruz Cabrália (Bahia), a Veracel Celulose investiu, entre 2009 e 2010,
na implantação do sistema de tratamento de água. Segundo o gerente de
sustentabilidade da Veracel Celulose, Renato Gomes Carneiro Filho, o perfil
dessas comunidades mudou com a melhoria de qualidade de vida devido à redução
de doenças. Ele ressaltou que os investimentos nas cidades nas foram possíveis
graças a parcerias com os governos estadual e municipal.
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