terça-feira, 8 de outubro de 2013

Quando o idealismo fica explicito e se contradiz com o discurso da racionalidade!!!

A matéria abaixo evidencia de forma explicita e me arriscaria até a dizer inequívoca como o “machismo” é presente, oculto e velado nas organizações empresárias e como ele se releva da forma mais perversa e camuflada sobre o discurso da racionalidade empresarial e ineficiente. Digo perverso, porque este ambiente de exclusão é uma dos fatores que mais oprime o desenvolvimento das mulheres nas organizações e um dos grandes impulsionadores ao auto boicote.

O debate deixa evidente o conceito de minorias que se discute hoje em dia, o conceito de minoria aqui não é de representação numérica e sim política, ou seja, da capacidade de influenciar e participar em condições de equidades e igualdade das decisões que afetam a todos e todas.

Quando digo que a pequena matéria coloca tudo isso em evidência é por o debate estressa bem estes pontos, pois de um lado encontramos uma Maria Luiza Trajano, executiva de sucesso defendendo medidas transitória e emergências com vistas a ruptura forçada do status quo, como a cota para mulheres em conselhos de administração, sob o argumento que atualmente já temos muitas mulheres ocupando posição de diretoria, acumulando experiências e segundos os dados do IBGE com no mínimo um ou mais anos de estudos que os homens e de outro lado, o presidente da BMF&Bovespa, alegando que isto ainda não é possível porque as mulheres não estão preparadas para este posição. Será mesmo?  Se assim fosse verdade, porque elas estariam nas posições de direção então?  E o mais grave, o eco a favor desta alegação “machista” vem ecoado por uma mulher que como disse, ainda é um ambiente excludente que favorece este auto-boicote, pois a preocupação da mulher é ser vista como mulher e que isto a favoreceu de alguma forma.

Se isto é bem verdade, então como explicar atual fraco desempenho das empresas de capital aberto no Brasil, com os seus conselhos compostos majoritariamente por homens? Isso também incluí as empresas de capital fechado em que a alta direção ainda é majoritariamente masculina.

Neste caso temos aqui materialidade e números suficientes para avaliar e colocar em questão se os homens estão tão bem preparados assim para estas posições no mundo de hoje.  O preparo vem com a experiência, com o empenho e certamente com as oportunidades, porém, se o cluster for fechado, não há como gerar oportunidade e não efetivamente como medir o nível de preparo que se alega.

Uma das coisas que mais me impressiona é que os homens não se questionam e nem questionam as mulheres se estão preparados para ser pai e mãe e logo colocam a responsabilidade da maternidade, do cuidado com os filhos, da educação e formação dos valores de uma família, que na minha singela opinião é uma gestão de pessoas e de organização muito mais complexa que muitos negócios e nestas horas, ninguém tem dúvidas se a mulher estará ou não preparada ou mesmo que exista a dúvida, logo colocam essa “bucha” no colo delas assim mesmo.

Por isso, que trazendo a discussão para aspecto mais pessoal, quando vejo a argumentação equivocada do Sr. Presidente da BMF/BOVESPA, me questiono fortemente se o moço não teve mãe e se teve, se não aprendeu nada no seu processo de desenvolvimento pessoal, porque ter uma esposa ainda pode ser uma escola, mas não há outra forma de nascer (que eu conheça) que não seja de um útero feminino.
 
Indo mais além e imaginando que um  homem de negócios ainda pense dessa forma e tenha apenas filhas (que a princípio dentro dos atuais padrões bioéticos ainda não é uma possibilidade escolher o gênero de nascimento do filho), será que ele não considera que mais a frente quem pagará as penas do preconceito e machismo fomentado por ele hoje serão suas próprias filhas. Pois se o pensamente realmente é este e o que conta é mesmo estar preparado como mencionado, não me parece muito inteligente do ponto de vista financeiro e de resultado efetivo que um pai invista muitos recursos na educação e formação das suas filhas, uma vez que, por mais que isto seja feito, elas não estarão mesmo preparadas para assumir posições mais relevantes nas organizações.

Então qual a eficiência deste investimento? Fundo perdido! Isso é aceitável para homens de negócio? Investimento a fundo perdido?! 
 
Claro que estou carregando nas cores do exemplo e da crítica, mas para nos levar a uma relfexão mais profunda e prática destes aspectos sobre os efeitos práticos desta visão e comportamento sobre as relações sociais em nosso dia a dia e isto acontece com frequencia quando pensamos o mundo a partir de um único referencial, neste caso, do homem provedor, bem sucedido e isolado no seu jeito de pensar e o mais complicado de agir, pois são estes homens quem tem sobre si um poder de decisã que pode impactar e gerar  prejuízos a muitos e muitas.

Vejamos quantos homens tem essa crise de existência quando chegam lá? Eu ainda não conheci nenhum, pois não fomos educados e treinados pela vida para isso, pelo contrário a vida nos criou para sermos o “macho” provedor. Porém a sociedade já não reflete mais tão bem valores como estes e os homens precisam ficar mais atentos a isto.
 
A penalização que insistimos em colocar sobre as mulheres com esta visão distorcida também é a sentença do homem que pode ter o desejo e interesse de desbravar outros desafios, ambientes e possibilidades que não apenas se o “macho” provedor.

Na minha leitura, vale a reflexão!
 

Fonte: Valor Econômico


 

08/10/2013 às 00h00

Cota feminina em conselho gera polêmica

Por De São Paulo

Luiza Trajano, presidente da rede de varejo Magazine Luiza, e Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa, protagonizaram um debate acalorado sobre o projeto de lei que prevê cotas para mulheres nos conselhos de administração, durante o Fórum Momento Mulher, ontem, em São Paulo.

Segundo a Fundação Getúlio Vargas, de quatro anos para cá, a presença de mulheres nos conselhos e nas diretorias das empresas listadas na bolsa está estacionada em torno de 7,7%. Luiza disse que é a favor das cotas como uma medida transitória para acelerar a inserção das mulheres nos conselhos.

"Eu não gosto de conselho e não tenho interesse de buscar emprego em um. Mas várias mulheres mais velhas que estão deixando seus cargos de diretoria não vão ser convidadas para um conselho. Agora, se você, Edemir, sair da presidência da bolsa hoje, vai chover convite para você", disse Luiza, aplaudida em vários momentos.

Pinto, apoiado pela presidente do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Sandra Guerra, se declarou contra as cotas. "Não há oferta de mulheres preparadas para assumir os conselhos imediatamente", disse ele, sob vaias. Sandra disse que as cotas poderiam acentuar o preconceito contra as mulheres.

"Você, Sandra, só é contra porque vive num meio muito masculino. Eles fazem sua cabeça", disse Luiza. "Mas você também vive num meio masculino", respondeu Sandra. "Mas eu mando mais. Eu sou a dona", replicou Luiza. (MF)

 

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