sábado, 29 de outubro de 2011

Será possível um capitalismo responsável?

A Rede Asta por si já é umainiciativa que vale a pena conhecer, agora que firmou uma parceria beminteressante com o Instituto Coca Cola Brasil, no meu ponto de vista, ficouainda mais interessante.

A proposta do projeto e seusresultados me parecem bem interessantes por conseguir fazer uma junção de fatores importantes na dinâmica do desenvolvimento sustentável, em especial quando faz do “lixo”, matéria prima para outros itens e que assumem diferentes papeis em nossas vidas, sejam de satisfação de uma necessidade subjetiva de consumo, seja produzindo coisas que ganham aplicação funcional no dia a dia.

Tudo bem, até aqui não há grandes novidades, muitos dirão! Considerando que outros projetos também interessantes desenvolvem atividades semelhantes, porém no caso da Rede Asta, identifico mais alguns elementos compostos neste “caldeirão de desenvolvimento”, um deles é foco na mulher empreendedora, e veja o diferencial, disse mulher empreendedora e isso passa por todas as classes sociais e não apenas a artesão em situação mais vulnerável, incluindo também mulheres em situação econômica mais favorável e que se aproxima desta cadeia, também empreendendo, dando vazão e valor ao se tornar uma conselheira.

Aprendemos nos últimos 15 anos com a experiência do
YUNUS em Bangladesh (banqueiro dos pobres) a importância de colocar a mulher como eixo de impulso no processo de desenvolvimento, isso porque algumas experiência de arranjos produtivos e microcrédito produtivo vêem demonstrando uma clara tendência de que a mulher é mais compromissada com seus laços familiares e afetivos e me parece que a rede ASTA, seguiu na mesma direção.

Outro ponto inovador que vale destacar foi a adaptação do modelo de venda direta que o projeto se apropriou e reinventou, transformando este em um processo inclusivo e que da viabilidade para inclusão de pessoas em qualquer local, independente de onde estiver instalado o arranjo produtivo. O processo foi desenhando de tal forma, que mesmo diante de uma produção artesanal, consegue garantir escala e tudo indica, que é possível superar os custos logísticos de forma diferenciada, compartilhando este com os dois principais elos desta cadeia, impedindo dessa forma que isso se torno um processo impeditivo a atração de novas “conselheiras” (vendedoras) da rede, basta ver como é operado o Kit inicial e os custos de distribuição que catalisa em único custo otimizado em dadas regiões e subsidiados em outras, como se fosse um sistema consórcio. Para ficar perfeito só faltava um política pública de taxas diferenciadas que poderia ser praticada pelos Correios neste casos, mas isso é uma outra discussão.

Por fim, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a transparência e equidade com que a cadeia de valor é trabalhada e desta forma, todos que fazem parte desta rede, do produtor ao consumidor, além de terem suas expectativas e necessidades diretas supridas, conseguem identificar claramente onde está sua contribuição adicional para esta cadeia de valor, ou seja, uma forma de sairmos de uma sociedade de consumo individualizada (45º olhar inclinado ao próprio umbigo) para um processo de ganhos mútuos, plural e coletivo, onde o ganho de um é o ganho de todos e isso não minha leitura é capitalismo. Sim, afinal as bases do capitalismos até onde singelamente conheço está nos ganhos e lucros dos riscos de dada atividade econômica, fomentada pelo consumo e livre mercado? Então vejo a Rede Asta dessa forma, porém, auto regulada, por meio de regras inclusivas e responsáveis.

Por isso, àqueles que acreditam que isso não é possível, está ai uma prova concreta de que é sim possível. Só não será para quem entende que só se ganha quando apenas um ganha!!! Mas isso é uma questão de escolha, acredito eu.

Fabiano Rangel
Sustentabilidade em Movimento
29/10/2011

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