sexta-feira, 4 de junho de 2010

Voluntariado: um olhar sobre a realidade brasileira

O que é ser voluntário? É possível ser voluntário de uma organização empresarial? Quem ganha com o trabalho voluntário? Voluntariado faz parte do movimento de sustentabilidade?

Muitas são as perguntas e não há uma resposta fechada e nem precisa necessariamente ter. Acredito ser mais proveitoso e eficiente focar na construção de algumas trilhas para construir novas perguntas e perspectivas, do que necessariamente se prender na busca por respostas.

Começando pela última pergunta. A todo o momento, quando falamos da construção do desejado desenvolvimento sustentável, evocamos a participação e co-responsabilidade de todos para superarmos os inúmeros desafios da sociedade, portanto, quando alguém se dispõe voluntariamente a fazer algo em prol do bem comum por menor que seja se feito, se este feito estiver alinhado com princípios universais de direitos humanos e atento aos interesses legítimos da sociedade já estaremos diante de um mundo melhor acontecendo.

Segundo definição das Nações Unidas "o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos”. Portanto, não há regras para ser um voluntário, o que existe são princípios e os mais básicos são: se colocar a disposição do desejo de construir um mundo melhor; atentar para quem se quer fazer o bem para fazer bem; e buscar os interesses legítimos da sociedade, cuidando para que estes não sejam temerários aos princípios universais de direitos humanos, porque essa foi uma agenda que a sociedade mundial já convencionou como minimamente boa para todos.

“O voluntariado empresarial é um convite da pessoa jurídica à pessoa física para atuação conjunta e troca de experiências em prol do desenvolvimento sustentável numa ética de co-responsabilidade e de cuidado com a vida. É uma das formas de trabalhar a qualidade da relação com todos os públicos a partir de uma visão mais ampla de negócios que considerem interesses legítimos de todos. Voluntariado gera novos tipos de conexão que alimentam processos inovadores na rede de relações onde a empresa está inserida.” (Posicionamento da Txai Consultoria e Educação sobre o voluntariado corporativo).

Portanto, não há empresa voluntária, mas uma organização que identificou no voluntariado um jeito de contribuir com o desenvolvimento sustentável e na lógica da cooperação, elemento fundamental a sustentabilidade. Com isso, essa organização abre um convite para que seus colaboradores compartilhem desse desafio, tendo a chance de identificar no local em que trabalham e passam boa parte de seus dias, meios de explorarem o que há de melhor em seus valores pessoais e organizacionais, alcançando outras dimensões que não raramente também contribui para o desenvolvimento da sua atividade profissional e consequentemente, também contribui para o jeito de ser e fazer negócios da organização para qual trabalha.

Segundo dados do IBGE/2005, o Brasil contava com mais de 19.7 milhões de voluntários, sendo 53% homens e 47% mulheres.

Dados da pesquisa Ipso Marplan, realizada em 2004, com 50.250 pessoas, em nove centros urbanos, revelaram que os voluntários brasileiros apresentam altos índices de escolaridade, 43% possuem ensino superior completo, sendo que 23% alcançaram a pós-graduação. Nesta pesquisa as mulheres são maioria, com 53% do total, contra 47% de homens. (Fonte: Pesquisa Ipsos Marplan realizada com pessoas maiores de 13 anos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Fortaleza).

Outra pesquisa aponta que 31% dos voluntários são jovens entre 18 e 34 anos. Além disso, a pesquisa aponta que no Brasil, calcula-se que cada voluntário disponibiliza cerca de 74horas anuais a atividades voluntárias, o equivalente à 6 horas mês.

Outro dado que chama atenção são às áreas de atividades preferenciais pelos voluntários: 53% prestam serviços de limpeza e infra-estrutura; 15% atuam na captação de recursos; 14% atuam em atividades religiosas e; 18% em atividades de ensino e treinamento, apoio psicológico e aconselhamento, cuidados pessoais e serviços profissionais em geral. (Fonte: Doações e trabalho voluntário no Brasil. Uma pesquisa. De Leilah Landim e Maria Celi Scalon).

Os dados acima deixam claro que há muita gente fazendo um mundo melhor acontecer, muita gente ajudando o outro sem olhar a quem, dados que nos faz ter fé esperança nas pessoas. Contudo, para quem trabalha com a mobilização de voluntários seja dentro ou fora de uma organização empresarial, precisar saber e entender quem são seus voluntários, isso pode ajudar a tirar o melhor de sua capacidade e desejo de contribuição. Essa é uma das razões pelas quais levantar dados como esses são importantes, assim como realizar o monitoramente e avaliação de programas de voluntariado. Prática que tem se intensificado no meio empresarial.

Sustentabilidade em movimento é isso, um processo de engajamento em que as pessoas começam a identificar seus espaços de contribuição, “arregaçam as mangas” em busca de uma sociedade mais justa, responsável e sustentável para todos em todos os lugares.

Fabiano Rangel
Sócio Consultor da Txai Consultoria e Educação
Data: 03/06/2010

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