sábado, 31 de dezembro de 2011

Um novo ano de ajuda e relações mais sustentáveis!

Falar de sustentabilidade, também é falar essncialmente de ciclos, desejos e avaliações do passado, presente e futuro, mas ainda é falar como de como estão as nossas relações como pessoas e
com as pessas, com o meio que habitamose com os recursos que usamos e mais é
avaliar tudo isso, diante destes lapsos temporais que abrem e fecham os ciclos.

Foi com essa reflexão que resolvi escrever um pouco sobre um dos meus maiores desejos para 2012 e no final, acabei enviando para alguns amigos e outras pessoas que de alguma forma participaram da minha vida no ciclo de 2011, para o meu espando, muitos me responderam de um jeito tão próximo e
humano que resolvi tornar essas palavras perenes neste espado, ainda que seja dedicado a uma discussão e reflexão voltada a sustentabilidade, por que o tema central foi justamente a capacidade e necessidade que nós enquanto seres humanos temos de ajudar e ser ajudados e o quanto isso é importante na construção de relações sustentáveis.

Embora muitas vezes, parece que este é um sentimento efemero e contaminado pela loucura do dia a dia, basta voltarmos a rotina e vira um cada um por si e salvesse quem puder. Uma dualidade que fica evidente nesta época do ano, de um lado, nossa essência humana aflora e um senso de solidariedade,
fraternidade e até humildade fora do comum se apresenta fervorosamente, mas de outros, nos voltamos cegamente a nós mesmos cheios de planos egoístas, individuais e desconectados do mundo.
Mas gosto e prefiro olhar as coisas sempre com positividade e é isso que me faz acreditar todos os dias que uma hora daremos conta de algo simples... de lembrarmos de que somos humanos e
interdependentes, dotados de uma capacidade incrível de sentir... sentir ódio, mas também amor e compaixão, sentir raiva, mas também o perdão e compreensão, de sentir tristezas, mas também alegria e felicidade, de sentir ganância, mas também a solidariedade e a fraternidade... para cada sentimento ruim que podemos experimentar há sempre um ou mais sentimentos bons... e isso me faz
acreditar que se tivermos a capacidade de discernir de forma mais rápida, ao invés de olhar as coisas com pessimismo, poderemos encarar muitos dos problemas pelos quais passamos como algo passageiro, ser otimistas e buscar positividade em tudo que somos e fazemos.

Um exercício bom para buscar sempre esse otimismo e positividade é a ética da solidariedade, fraternidade, compaixão em suma da ajuda, todos esses sentimentos e condutas que se afloram mais nessa época do ano, e, não precisa ser nada elaborado, estruturado ou grandioso, podemos não
perceber mas às vezes um simples bom dia ou um desejo sincero de boas festas seguido de um abraço verdadeiro já é capaz de mudar a vida de uma pessoa ao menos por um segundo e esse valerá ouro. Por isso, meu grande desejo nesta virada de ano é que tenhamos essa capacidade de exercitar mais esse espírito solidário ao longo dos 365 dias que virão e tenhamos como a ajuda como palavra de ordem.

Tenho aprendido ao longo da vida que quanto mais nos colocamos disponíveis à ajudar e apoiar o outro, mergulhar em desafios comuns, chorar e sorrir em conjunto, mas eu ganho... ganho experiência, ganho afeto, ganho gratidão, ganho novos amigos, ganho sorrisos, apertos de mão e abraços verdadeiros, ganho até a oportunidade de ter um bom motivo de comemoração e
brindar a conquista alheia... ganho ainda mais, porque o outro também ganha, então essa é uma equação que só se multiplica... cheguei a conclusão que ajudar é quase que uma relação simbiótica que só potencializa coisas boas.

Além disso, percebi que ajudar e claro, ser ajudado, faz com que qualquer grande desafio homérico fique menor, porque isso significa ter mais gente para criar, apoiar e superar qualquer barreira... se for um muro um faz escadinha para o outro e rapidamente a barreira fica para traz, se for uma pedra serão mais músculos e mentes para tirá-la da frente, se for um quebra cabeça serão mais olhos vendo as peças, se for uma equação quântica quase impossível de compreender serão mais mentes buscando soluções, portanto, ajudar e ser ajudado, seja colocando diretamente a mão na massa ou seja apenas com um olhar de esperança e incentivo como quem diz “eu acredito que você consegue” é um dos principais segredos de qualquer sucesso e sem dúvida, primordial para construir a felicidade de qualquer pessoa.

Parafraseando o profeta gentileza “ajudar, gera ajuda!” Portanto, ajudar é ser ajudado, ajudar é viver positivamente!
Boas festas a todos e é com esse esperíto que deixo neste espaço a esperança de que 2012 seja um ano de sucesso para a criação de mais relações justas, responsáveis e sustentáveis!

De presente também deixo u link que me inspirou muito na construção desta mensagem:
http://www.youtube.com/watch?v=rwWu5VO3Ve0&feature=share

domingo, 4 de dezembro de 2011

Qual a relação com a Goma Árabica, Industria de Alimentos, Sustentabilidade e Resolução de Conflitos?

A matéria que segue traz uma leitura interessante sobre a complexidade da discussão da sustentabilidade, desenvolvimento sustentável ou qualquer outro nome dirigido ao assunto que preferir (fica a gosto do freguês).

Isso porque neste caso o mais relevante é entender a atual dinâmica de um mundo complexo, interligado e sistêmico, onde um produto como a Goma Arábica - isso mesmo - àquela que usávamos nas aulas de educação artistica no ensino fundamental e que os correios usam até hoje para fechar cartas, pode ter de impacto positivo para preservação de áreas florestais, desenvolvimento socioeconomico, resolução de conflito e a ainda assumir um papel importante na atual indústria de alimentos e tudo isso, em uma pequena região do oriente médio.

Contudo, para que todo esse potêncial se torne realidade é necessário um nível especial de atenção e gestão, mas não qualquer gestão, estamos falando de uma gestão pública que seja pautada por direitos humanos e com foco no desenvolvimento local integrado, sem ignorar as questões culturais e relegiosas, mas isento dessas premissas, portanto, não estamos falando de gestão pública de país, mas multilateral, porque existem muitos atores não regionais nessa cadeia que podem deixar um legado positivo ou não, de acordo com as premissas que adotarem.

Na minha leitura, vale a reflexão!


A GOMA-ARÁBICA, UMA SOLUÇÃO MILAGROSA PARA OS PROBLEMAS DO SUDÃO?
Fonte: G1
Data: 01/12/2011

Al-Dourouta, Sudão, 1 dez 2011 (AFP) -A goma-arábica, uma resina da acácia recolhida, principalmente, no Sudão, em zonas em pleno conflito, é um componente essencial da Coca-Cola - e seus produtores esperam fazer dela um maná que poderá salvar a região da pobreza e da guerra. Há 14 anos, Al-Amin recolhe o produto no estado de Kordofan do Norte, mas o camponês, de 40 anos, tira disso um rendimento tão pequeno que pensa, para alimentar sua mulher e os sete filhos, cortar as árvores e vendê-las para fazer carvão, contribuindo, dessa forma, para a desertificação do centro do Sudão. Ele diz não ter "outra escolha, senão olhar a propriedade e pensar quanto poderá ganhar com as árvores cortadas". A goma-arábica é obtida através de uma incisão feita no córtex de dois tipos de acácias, chamadas Talha e Hashab, que crescem na savana sudanesa, principalmente nos estados de Nilo Azul, Kordofan do Sul e Darfur Sul, todos os três abalados por conflitos armados. A goma transformada é usada como emulsificador, com o nome de E414, e entra, principalmente, na composição de três refrigerantes, além de bombons e pílulas, porque impede o açúcar de cristalizar. Os Estados Unidos importam cerca de 7.000 toneladas por ano, segundo fontes industriais sudanesas, apesar de um embargo total sobre as vendas do país. As autoridades americanas abriram uma exceção para esse produto, em 2000. Um relatório do Congresso destaca que a proibição de importar a goma-arábica proveniente do Sudão, que é de longe o primeiro produtor mundial, teria um efeito "devastador" na indústria alimentar dos Estados Unidos. "Pensamos que a goma arábica é o maná enviado por Deus, o pão do céu", afirmou Abdelmagid Ghadir, secretário-geral da Interprofissão sudanesa da goma-arábica, lamentando que "os camponeses a considerem uma cultura marginal". Issam Siddig, um dos primeiros a transformar a goma sudanesa para fins de exportação, considera que esta cultura poderia mudar a vida dos agricultores, frear a desertificação, e até pôr fim ao conflito em Darfur, na medida em que incentivaria os sudaneses a deixarem as armas, em troca de instrumentos de colheita. Cerca de 13 milhões de pessoas vivem nas regiões de cultura da goma, entre elas cinco milhões envolvidas na silvicultura, quer se trate da colheita da resina ou da derrubada de árvores. Virtudes Medicinais Mas, para que o milagre da produção da goma aconteça, é preciso que seja mais valorizada e, principalmente, que sejam reconhecidas as virtudes medicinais atribuídas a ela por seus produtores. A goma é um prebiótico natural, isto é, favorece o desenvolvimento de bactérias benéficas no intestino, afirma Siddig, lamentando que não seja reconhecida internacionalmente. "Este superalimento, vital para a saúde e para a medicina, é classificado (...) de produto sem importância", lamenta ele. Acusa os compradores ocidentais de terem criado um "monopólio de consumidores", entravaando o desenvolvimento da goma, que, vendida como emulsificador, não passa de 2 dólares o quilo, contra "mais de 100 dólares se for reconhecida como um prebiótico natural". Philippe Vialatte, vice-diretor da empresa francesa Nexira, que compra e transforma cerca de 50% da goma sudanesa exportada, desmente a existência de um tal monopólio, destacando que a liberalização do mercado, em 2009, permitiu aos camponeses obter um melhor preço. Destaca, no entanto, que sua empresa tentou desenvolver a goma como complemento alimentar, há três anos, sem um avanço maior, no entanto, devido à "forte competitividade" de outros prebióticos. Uma esperança subsiste: as propriedades medicinais da goma acabam de ser reconhecidas pela Autoridade sudanesa de controle - um avanço que deverá obrigar a FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a debruçar-se sobre o assunto "porque o Sudão fornece 80% da produção mundial" destaca Siddig. Na expectativa de que as 55.000 toneladas anuais da goma produzidas pelo país sejam reconhecidas pelo valor justo, Al-Amin continua a fazer incisões no córtex das árvores, para fazer escoar a substância colante e sem odor, que recolherá depois. Enquanto trabalha, ele recita um poema sobre sua "paixão" pela árvore: "Longe de meus filhos, passo meses a seu lado, porque seu córcex é generoso e sua goma possui 'uma grande beleza". sma-cnp/sd

sábado, 19 de novembro de 2011

Afinal o que é sustentabilidade?

Ainda não consigo ver a sustentabilidade como um conceito, teoria ou tese que estejam prontas e acabadas, por isso, não consigo defender essa ideia por este caminho. Assim, para definir este tema tão complexo, costumo usar uma abordagem que parte de algo mais abrangente, acredito que até etério, nesse sentido, gosto da ideia inicial de encarar a sustentabilidade como um movimento, que vai se estreitando e chega mais próximo de uma aplicação mais pragmática aplicada ao contexto empresarial e da gestão das atividades economicas.

Neste sentido, costumo definir a sustentabildiade como:

Um movimento em construção, discutido e explorado há pouco tempo pelo homem e que visa dar equilíbrio entre suas relações com meio e contexto em que está inserido.

Dirigida ao meio empresarial

Vejo a discussão como um movimento também, mas que provoca empresas gerirem e serem integralmente responsáveis pelo seu negócio, assegurando sua viabilidade econômica, aceitação cultural e política, por meio de uma postura inclusiva e respeitosa com as pessoas, além de eficiente e responsável no uso dos recursos e serviços ambientais.

Concretamente esse movimento demanda do meio empresarial ter uma agenda que gire entorno de alguns temas essenciais como:
Fabiano Rangel
Blog Sustentabilidade em Movimento

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Consumidor negro sofistica compras II - Liberdade de expressão

Matéria recente (08/11/2011) do Valor Econômico " Consumidor negro sofistica compras", infelizmente evidencia o quanto ainda vivemos em um país carregado de desigualdades e o mais triste e complexo é que uma parte significativa dessa desigualdade se acentua por preconceitos, o que chega a ser paradoxal, considerando que vivemos em um país livre e economicamente regido pelo sistema capitalista, onde a gestão de riscos, lucros e negócios deveria ter um olhar realmente mais pragmático sobre números.

Números estes que a matéria correlaciona, demonstrar o quanto ainda somos carreado por uma herança escravocrata medíocre, indigna, desumana e muitas vezes contaminada por um elitismo (não confundir com elite, até porque existe muita gente na elite que trabalha a favor do desenvolvimento do país e que se importam com o bem estar das pessoas), que apenas se sofisticou tornando sutil e velado o preconceito, ainda presente e que só traz prejuízos ao desenvolvimento do país.

Um preconceito descabido que cria e fomenta uma base artificial da pirâmide que se desenvolvida, reduziria ainda mais nossa dependência de mercados externos, em especial para os setores e mercados que vivem de demandas por bens de consumo duráveis e não duráveis e de tabela alavancaria a demanda por commodities das quais somos grandes produtores e que nossa mediocridade faz questão de mandar para fora aumentando ainda mais a pegada de carbono e o impacto ambiental destes processos.

Os números da matéria não me surpreendem tanto, uma vez que há algum tempo vem acompanhando essa discussão, mas me indigna sim a forma como “naturalizamos” essa desigualdade. Essa é uma questão que chama atenção e me intriga um pouco mais, ver a forma como nos parece “natural que os negros tenham acesso mais lento aos bens de consumo não duráveis” – fala da matéria, isso na minha leitura mostra a sutiliza com a qual cristalizamos preconceito de forma velada, neste caso racial.

Imagine se não é o mesmo que dizer "é natural que os brancos ganhem mais, porque são brancos ou porque não foram escravizados, ou porque se empenharam mais". Nestas horas sempre lembro do conceito trabalhado pelo Amathya Sen de "Desenvolvimento como Liberdade". Não haverá real desenvolvimento sem inclusão, respeito, valorização da diversidade e consequentemente equidade entre as oportunidades e isso é uma demanda que não pode ser delegada para às próximas gerações, precisa acontecer aqui e agora. Mudar o jeito de pensar e ver as coisas, reconhecendo preconceitos e trabalhando contra isso já é um bom caminho.


Entre os negros ainda temos mais 50% dessa população na classe D e E, ou seja, muito trabalho no plano das políticas macroeconômicas a serem feitas. Empresas atentas a essa ascensão certamente terão uma preferência diante desses consumidores.

Consumidor negro sofistica compras

Por Letícia Casado | De São Paulo
Data: 08/11/2011

O crescimento da economia brasileira mudou o padrão de vida da população negra do país, que chegou a um novo patamar de compras: o de bens duráveis mais sofisticados. Estudo recente do Data Popular mostra que os negros aumentaram as compras de máquina de lavar, computador e carro.
Segundo Renato Meirelles, diretor do Data Popular, "o consumo do branco é para repor, enquanto o do negro, muitas vezes, é a primeira aquisição da casa". Meirelles diz que a distribuição de renda dos últimos anos favoreceu o crescimento da classe média. Em 2004, 33,7% dos negros pertenciam à classe C; 51,9% à D; e 11% à E. O cenário mudou: em 2009, eram 44,9% na C; 43,5% na D; e 6,6% na E. Para Athayde Motta, diretor executivo do Baobá, associação que defende a equidade racial, a migração da classe D para a C foi a maior surpresa do levantamento.

Entre os negros, 20% tinham carro próprio em 2009. A fatia dos não negros era de 41,4%. Os dois grupos usam o financiamento bancário como principal forma de pagamento. A diferença é maior quando o desembolso é à vista: os não negros (40,5%) prevalecem sobre os negros 32,7%). "É natural que os negros tenham acesso mais lento [a bens de consumo de maior valor agregado]. Carro não é barato e crédito não é imediato". De acordo com o Data Popular, os negros vão movimentar R$ 673 bilhões no Brasil em 2011 - um valor significativo. Em 2009, o valor ficou em R$ 584 bilhões, e em 2004, R$ 370 bilhões. Mas as diferenças entre negros e brancos, em termos de rendimento salarial e educação, ainda fazem com que o padrão de consumo dos negros seja inferior.

Em 2010, o rendimento médio do trabalhador negro foi de R$ 1.002 para homens e de R$ 672 para a mulheres, segundo dados do IBGE atualizados pelo Data Popular, que usou o INPC de setembro deste ano. A população não negra, que reúne brancos, amarelos, indígenas e aqueles que não declaram a cor da pele, registra rendimento bem maior: R$ 1.795 para homens e R$ 1.183 para mulheres. Por pertencerem em maioria à classes C, D e E, os negros recebem salários menores e isso puxa a média salarial do grupo para baixo. "De fato, o negro ganha menos e o branco ganha mais."

A educação é outro ponto importante. Meirelles diz que a qualidade do estudo está vinculada à classe social, assim como o acesso ao ensino superior - e os mais qualificados são aqueles que conseguem os melhores empregos. Por isso, acrescenta, "são muito importantes as ações afirmativas" como cotas raciais em universidades, por exemplo. "Ainda existe racismo no
nosso país", diz o diretor do Data Popular. Meireles também sente falta de "estratégia de
marketing" voltada para o consumidor negro.
Mari Zampol, diretora geral de planejamento da agência de publicidade Talent, não concorda. Para ela, a abordagem por cor da pele só se justifica no caso dos produtos de beleza. Caso contrário, afirma, a propaganda vai excluir - e não incluir - o consumidor.

O levantamento do Data Popular considerou uma base de dados com 18 mil pessoas, em um universo de 99,8 milhões de brasileiros (51,7% da população), que se declararam negros ou pardos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE em 2009.

sábado, 29 de outubro de 2011

Será possível um capitalismo responsável?

A Rede Asta por si já é umainiciativa que vale a pena conhecer, agora que firmou uma parceria beminteressante com o Instituto Coca Cola Brasil, no meu ponto de vista, ficouainda mais interessante.

A proposta do projeto e seusresultados me parecem bem interessantes por conseguir fazer uma junção de fatores importantes na dinâmica do desenvolvimento sustentável, em especial quando faz do “lixo”, matéria prima para outros itens e que assumem diferentes papeis em nossas vidas, sejam de satisfação de uma necessidade subjetiva de consumo, seja produzindo coisas que ganham aplicação funcional no dia a dia.

Tudo bem, até aqui não há grandes novidades, muitos dirão! Considerando que outros projetos também interessantes desenvolvem atividades semelhantes, porém no caso da Rede Asta, identifico mais alguns elementos compostos neste “caldeirão de desenvolvimento”, um deles é foco na mulher empreendedora, e veja o diferencial, disse mulher empreendedora e isso passa por todas as classes sociais e não apenas a artesão em situação mais vulnerável, incluindo também mulheres em situação econômica mais favorável e que se aproxima desta cadeia, também empreendendo, dando vazão e valor ao se tornar uma conselheira.

Aprendemos nos últimos 15 anos com a experiência do
YUNUS em Bangladesh (banqueiro dos pobres) a importância de colocar a mulher como eixo de impulso no processo de desenvolvimento, isso porque algumas experiência de arranjos produtivos e microcrédito produtivo vêem demonstrando uma clara tendência de que a mulher é mais compromissada com seus laços familiares e afetivos e me parece que a rede ASTA, seguiu na mesma direção.

Outro ponto inovador que vale destacar foi a adaptação do modelo de venda direta que o projeto se apropriou e reinventou, transformando este em um processo inclusivo e que da viabilidade para inclusão de pessoas em qualquer local, independente de onde estiver instalado o arranjo produtivo. O processo foi desenhando de tal forma, que mesmo diante de uma produção artesanal, consegue garantir escala e tudo indica, que é possível superar os custos logísticos de forma diferenciada, compartilhando este com os dois principais elos desta cadeia, impedindo dessa forma que isso se torno um processo impeditivo a atração de novas “conselheiras” (vendedoras) da rede, basta ver como é operado o Kit inicial e os custos de distribuição que catalisa em único custo otimizado em dadas regiões e subsidiados em outras, como se fosse um sistema consórcio. Para ficar perfeito só faltava um política pública de taxas diferenciadas que poderia ser praticada pelos Correios neste casos, mas isso é uma outra discussão.

Por fim, uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a transparência e equidade com que a cadeia de valor é trabalhada e desta forma, todos que fazem parte desta rede, do produtor ao consumidor, além de terem suas expectativas e necessidades diretas supridas, conseguem identificar claramente onde está sua contribuição adicional para esta cadeia de valor, ou seja, uma forma de sairmos de uma sociedade de consumo individualizada (45º olhar inclinado ao próprio umbigo) para um processo de ganhos mútuos, plural e coletivo, onde o ganho de um é o ganho de todos e isso não minha leitura é capitalismo. Sim, afinal as bases do capitalismos até onde singelamente conheço está nos ganhos e lucros dos riscos de dada atividade econômica, fomentada pelo consumo e livre mercado? Então vejo a Rede Asta dessa forma, porém, auto regulada, por meio de regras inclusivas e responsáveis.

Por isso, àqueles que acreditam que isso não é possível, está ai uma prova concreta de que é sim possível. Só não será para quem entende que só se ganha quando apenas um ganha!!! Mas isso é uma questão de escolha, acredito eu.

Fabiano Rangel
Sustentabilidade em Movimento
29/10/2011

sábado, 8 de outubro de 2011

Os desafios da Pessoa com Deficiência - Uma Barreira a menos!

Desde 1993, quando a Lei 8.213 que versa sobre a Previdência Social foi promulgada e trouxe em seu artigo 93, a obrigatoriedade às empresas de terem entre dois a cinco por cento de seus empregados composto por pessoas com deficiência em seu quadro de funcionários, que pouco à pouco a sociedade brasileira, e em especial, o meio empresarial, tem se apropriado da importância desta normativa e muitas vezes até se digladiando para derrubar uma serie de barreiras adicionais, que são colocadas diante deste público. Só no Brasil, estima-se que um contingente de 16% da sua população tenha algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida, segundo o último dado censitário do IBGE divulgado em 2000, considerando que o censo de 2010 ainda não divulgou esse dado.

Antes de qualquer julgamento antecipado que possa ser feito a esta normativa, é preciso lembrar que seu principal objetivo está em promover a inserção e inclusão de um público que já enfrenta barreiras adicionais em sua vida, fruto do preconceito e descuido da sociedade que insiste em colocar estas barreiras, sejam estas de ordem físicas ou subjetivas.

Por exemplo, nossas edificações públicas ou privadas, ainda são pouco acessíveis a diversas condições físicas e sensoriais que as pessoas possam apresentar, seja decorrente de uma deficiência permanente, seja por uma situação momentânea que enfrentamos como um membro engessado ou mesmo o fator idade, que vai tornando nosso corpo menos flexível, resistente e a ágil, onde dados movimentos realizados no passado já não são mais possíveis de serem praticados da mesma forma. Além das barreiras físicas, ainda colocamos sobre as pessoas com deficiência barreiras subjetivas quando julgamos prematuramente ou sem qualquer interação direta com as pessoas suas habilidades e capacidade, algo que está no jeito de pensar e muitas vezes de agir das pessoas, onde pequenos gestos ainda que desapercebidos, colocam diante deste público barreiras adicionais, como, por exemplo, julgar previamente sua capacidade para executar sua atividade laboral – Alguém já imaginou, por exemplo, um deficiente visual (total), exercendo a função de vendedor de tintas? Pois é, se não, deveria, porque existe e não há nada de excepcional nisso, além do que nós mesmos criamos. Hoje temos avanços tecnológicos onde muitas das coisas consideradas impossíveis, são hoje plenamente possíveis, além é claro da própria capacidade das pessoas de se recriarem diante da adversidade e se desenvolverem, a chamada resiliência.

Então, se as coisas são tão simples dessa forma, porque precisamos de uma lei que “interfira” no livre arbítrio das empresas, colocando obrigações adicionais no sobre que o capitalismos gosta de chamar a atenção que é a capacidade de tomar decisões e assumir seus riscos, como, por exemplo, definir quem deve ou não contratar. A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo, basta se perguntar quantas pessoas com deficiência estariam formalmente contratadas sem a Lei 8.213/1993 no quadro das empresas. E isso porque de um lado, como foi dito, projetamos as cidades e os ambientes a partir de uma única perspectiva e por outro, nos limitamos a enxergar eficiência apenas sobre o que estamos acostumados a julgar como “normal”. Deixando do lado de fora uma parcela significativa da sociedade que vem ao longo da história buscando seu “lugar ao sol” de forma digna e autônoma.

O mais interessante desta leitura é que uma parcela das pessoas com deficiência vivem hoje da assistência social por inúmeros motivos, sendo um dos que considero de maior relevância as barreiras subjetivas que colocamos à elas e ai vem um dos grandes paradoxos da racionalidade e eficiência apregoado pelo capitalismo que aflora na gestão das empresas, pois estamos falando de mais de 24 milhões de pessoas, que se realmente incluídas deixariam de depender do caixa da assistência social, uma conta já paga tanto pelas empresas como por nós pessoas naturais (físicas) e com isso, as pessoas com deficiência teriam mais renda e consequentemente, mais demanda por produtos e serviços do meio empresarial e até onde sei, isso chama-se é geração de negócios e oportunidades , item importante para a principal meta do meio empresarial que é o lucro.

Todo esse intróito foi para trazer a tona a promulgação da Lei 12.470/2011, publicada recentemente e que na minha singela leitura, derruba uma das barreiras mais importantes para fomentar a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. A referida Lei altera o conjunto de Leis que dão base a LOAS (Lei Orgânica de Assistência Social), mas em especial a Lei 8742/1993. Por meio desta alteração na normativa, agora, o benefício da prestação continuada (BCP) concedido pela Assistência Social às pessoas com deficiência - note que apresentam uma renda familiar menor que um salário mínimo - que entrarem formalmente no mercado de trabalho, será apenas suspenso e não mais retirado. Parece uma alteração simples, mas que para este público pode fazer toda a diferença, isso porque, até então muitas pessoas que se enquadram neste perfil resistiam a entrar no mercado de trabalho, com receio de não dar certo, muitas vezes influenciados por todas as barreiras já apontadas acima – o que não é sem razão - e depois, perderem a única fonte de renda que tinham para prover seu sustento.

Com essa alteração na legislação, a pessoa com deficiência elegível ao BCP que mantiver uma relação trabalhista formal (CLT) e mais adiante for dispensada do emprego ou deixá-lo, terá o direito de reaver seu benefício da prestação continuada, sem a necessidade de se submeter a nova perícia médica realizada pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), desde que esteja dentro do período de 2 anos, sendo este o tempo oficial que o órgão já exige para reavaliação periódica da manutenção do benefício, independente da pessoa com deficiência estar ou não no mercado formal de trabalho.

O aprimoramento da medida legal, também avançou ao chamar a atenção para a possibilidade das pessoas com deficiência serem contratadas como aprendizes, sendo que neste caso não há limitação de idade, algo já previsto no decreto 5.598/2005 e que visa sanar uma das principais justificativas do meio empresarial sobre dificuldade de contratação de pessoas com deficiência, que é a questão da qualificação profissional e educacional, considerando que essa medida especial, permite a capacitação “on the job” (aprendizado prático por meio do trabalho). Neste caso, se a pessoa com deficiência é contratada como aprendiz, poderá manter o benefício da prestação continuada, mesmo inserida no mercado de trabalho, enquanto vigorar o contrato de trabalho na condição de aprendiz, situação que pode perdurar no máximo por dois anos.

Outro avanço que julgo significativo trazido pela Lei 12.470/2011, foi a explicitação conceitual e simplificada de quem está na condição de pessoa com deficiência, considerando ser a aquela pessoa com impedimentos de longo prazo, mínimo de dois anos, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que possam obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas na sociedade. Obviamente que essa condição precisa ser atestada por laudo médico apropriado e consequentemente enquadrada nos tipos de deficiências previstos no Decreto 5.296/2004.

Como dito de início, acredito que mais uma barreira física foi derrubada, fica a agora a esperança o e nosso empenho para que as barreiras subjetivas também cai por chão, porém, neste caso será necessário que uma medida normativa é preciso reconhecer nossos preconceitos e enfrentá-los, se queremos mesmo ser o país do futuro, precisamos ser mais gente, mais humano e mais inclusivos.

“Life is for those who thrive on challenges, not for those who let challenges stop them”
Bob Marley (1945 – 1981).


Fabiano Rangel
Data: 08/10/2011
Blog Sustentabilidade em Movimento.

domingo, 2 de outubro de 2011

A relevância do consumidor na gestão eficiente e responsável da produção, uso e desperdício de alimentos.

O desperdício de alimentos que ocorre em diferentes elos da cadeia produtiva é sem dúvidas, um dos principais desafios do desenvolvimento sustentável das nações, em especial das emergentes como o Brasil, que dia a dia precisa enfrentar os paradoxos acentuados entre a ascensão econômica e as desigualdades sociais que ainda coloca uma parcela significativa da sociedade em condições vulneráveis a sua segurança alimentar, isso falando só de Brasil, porque se essa leitura se estender as diferentes realidades dos países africanos e asiáticos, por exemplo, os problemas serão ainda mais potencializados.

O mais intrigante é que este problema no caso brasileiro não ocorre por falta da produção de alimentos, pelo contrário, o país é o quarto maior produtor de alimentos, excedendo sua produção em mais de 25% da sua necessidade de consumo interno, segundo dados da FAO de 2006.

O nosso maior problema está na gestão do que é produzido, considerando que todo ano cerca de 26 milhões de toneladas de alimentos (Embrapa) são descartados e vão parar no lixo, essa quantidade seria suficiente para alimentar quase 20 milhões de pessoas ou mais. Estes números ganham extrema importância, quando cruzados com o fato de que mais de 14 milhões de brasileiros ainda sofrerem com o drama a insegurança alimentar, segundo dados do IBGE de 2004, que embora antigo não foge muito do cenário atual.

Dados da pesquisa do Akatu de 2004 “A nutrição e o consumo consciente”, aponta que todos os elos produtivos da cadeia de alimentos apresentam deficiências crônicas, sendo alguns mais acentuados, como acontece com a colheita e o processamento culinário, juntos, somam 40% do desperdício sobre o total de alimentos perdidos, na média de 20% em cada. O processamento industrial vem logo na sequência gerando 15% do desperdício.

Quando olhamos para esses números é possível concluir que o consumidor mais consciente tem um papel fundamental na movimentação positiva dos elos desta cadeia, tirando a parte da colheita onde ele teria menos influência direta, o processamento culinário está em suas mãos, assim como o voto de escolha que faz ao preferir um produto industrializado em detrimento de outro.

É de fundamental importância que os consumidores, passem a questionar e privilegiar produtos que apresentem uma gestão mais responsável, com menos desperdícios e impactos socioambientais na produção de alimentos. Essa leitura e reconhecimento de poder do consumidor certamente farão com que empresas, comércios e serviços que têm no campo alimentar parte ou a totalidade de seus rendimentos, adotem uma gestão mais eficiente, responsável e sustentável em diferentes elos da cadeia de alimentos.

Toda essa leitura sobre o desperdício de alimentos é de suma importância, considerando todos os reflexos que essa ineficiência gera e isso, independente da precisão dos números, até porque não vejo necessidade deles para ter a convicção de que muito é desperdício quando falamos de alimentos, basta passear por qualquer rua no final de uma feira ou visitar o depósito de lixo de qualquer grande rede de supermercado. Quando falo dos reflexos é porque além do desperdício em si essa discussão ganha ainda mais relevância quando a colocamos sob uma visão integrada dos impactos socioambientais reflexivos que são gerados pela atual ineficiência dos nossos processos.

Todo alimento para ser produzido, demanda o uso de terras e recursos hídricos, sendo assim , quando jogamos toneladas de alimentos fora, também estamos jogando fora terra cultivada e água recursos e serviços ambientais essenciais a existência humana.

Isso tudo, sem contar quando estamos diante do desperdício gerado no processo de industrialização onde todos os produtos alimentares precisam ser embalados para ganhar maior longevidade em sua conservação, atualmente necessário, considerando nosso modelo civilizatório atual. Processo que por sua vez, também demanda um volume maior no uso de energia e água para que as embalagens sejam produzidas e os alimentos processados, além é claro da pegada de carbono que acrescida, considerando que há um volume expressivo de emissões de CO2 só com o transporte, mas isso, tirando a época em que quase toda a família tinha uma horta em casa, esse é um problema que se aplica a toda cadeia, independente da industrialização.

Acrescente agora toda a pressão que esse desperdício gera na disposição dos resíduos, sejam estes orgânicos dos próprios alimentos, sejam estes das embalagens no caso do processo industrial, afetando diretamente lixões, aterros controlados e aterros sanitários (quando damos a sorte destes resíduos ganharam esse destino), porque muito se joga em locais totalmente inapropriados, aumentando assim os níveis de poluição de terras, rios e mares, paradoxalmente serviços e recursos ambientais necessários a produção de alimentos.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhlHM04okJby5AXLYcVNWmrfzUvj4hy5nOIluhPSfgR4fcxh-i4tMrOuEi2bG4kXdzf6dPcqd6qbdpQKDt5aS-xqu9OsXwp5e3kKqD5yfqvxXDMqJukA0OC8SkaSO-0dz9pDjfy5oV7Itc/s320/Montanha+de+Alimentos.png

Acredito que temos aqui argumentos suficientes para que cada um de nós faça uma reflexão sobre o nosso papel enquanto consumidor sobre essa dinâmica do desperdício de alimentos. Podemos e devemos agir, seja evitando que estes desperdícios aconteçam em nossa cozinha, seja exigindo que restaurantes e empresas tenham uma postura diferenciada na gestão dos alimentos, seja também cobrando posturas e políticas públicas dirigidas a estas questões de nossos representantes políticos nas próximas eleições.

Fabiano Rangel

Data: 02/10/2011

Brasil ‘protege árvores mas não pessoas’ na Amazônia, diz jornal

A matéria que segue é mais uma afirmação de que a Sustentabilidade Mora na Qualidade das Relações conceito, este que aprendi e me aproundei quando passei pela Txai Consultoria e Educação.
Não há preservação ambiental sem o homem e não podemos apenas preservar o meio ambiente sem que homens, mulheres, crianças e qualquer pessoa possa ter sua integridade e direitos respeitados e preservados.

Ter uma causa e uma paíxão é mais do que uma ideoliga, mas sim um jeito de encarar e dar sentido à vida. Podemos até ter críticas e/ou elogios aos meios com que algumas pessoas se dedicam e defedem suas causas, porém, sendo estas legítimas no sentido de se voltar ao bem comum, dentro de um consenso ético, devemos agradecer e valorizar essas pessoas, pois geralmente seus empenhos e penas visam um bem maior do qual nós estamos inseridos.

Que o nosso país seja reconhecido tanto pela preservação dos seus recursos e serviços ambientais, como pela preservação e segurança aos direitos humanos fundamentais!
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Uma reportagem do jornal britânico “The Guardian” afirma que o Brasil “protege as suas árvores, mas não as pessoas” na Amazônia. Para o jornal, “progresso em reduzir desmatamento é ofuscado por assassinatos brutais”.
A reportagem de página inteira assinada de Marabá, no Pará, aborda a prática recorrente de assassinatos de ambientalistas na região Norte do país, o mais recente, do ativista José Cláudio Ribeiro da Silva e sua esposa, Maria do Espírito Santo. Ambos “foram os mais recentes de uma série de ambientalistas assassinados pela causa na Amazônia brasileira”, afirma a reportagem.
Após 15 anos de campanha contra madeireiros ilegais, produtores de carvão vegetal e pecuaristas, ambos foram mortos perto de casa em maio.
“Nos últimos anos, o governo brasileiro fez progresso significativo na contenção da destruição da maior floresta tropical do mundo, reduzindo a área de floresta perdida
de 27 mil quilômetros quadrados em 2004 para apenas 6 mil quilômetros quadrados no ano passado”, nota a reportagem.
“Mas uma onda de assassinatos brutais sublinhou uma verdade desconfortável: as autoridades podem parar a derrubada das árvores até certo ponto, mas não o abate dos ambientalistas.”
A reportagem lembra que a morte de Zé Cláudio, como era conhecida a vítima mais recente, foi o caso mais proeminente de execução de ativistas na Amazônia desde o assassinato da missionária americana Dorothy Stang no Pará em 2005. Ele tinha “anunciado” a sua própria morte seis meses antes de ser executado.
“Poucos acreditam que estas mortes serão as últimas. Muitas partes da Amazônia brasileira continuam proibidas para ambientalistas, enquanto autoridades ambientais só viajam para certas regiões sob escolta da polícia fortemente armada com rifles e apoio de helicóptero.”
Entrevistados pelo jornal acreditam que o governo poderia ter feito mais para proteger Zé Cláudio e sua esposa. Assustada, a família nunca mais voltou para casa, em um assentamento florestal.
Matéria do Jornal O Globo, de 25 de maio de 2011, informa o assassinato do casal José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, que defendiam a causa ambiental na Amazônia brasileira
Fonte: G1
Brasil

A ignorada contribuição do solteiro


Um dos principais erros da sociedade é a necessidade de rotular e estigmatizar as pessoas, algo que não ajuda em nada, apenas e vai apenas excluindo, uma hora isso vira sistêmico e problemático.

No caso dos solteiros independe se estão nesta condição por escolha ou sorte da vida, são pessoas e não merecem ser julgadas por sua condição de solteiro. Se queremos julgar algo, que se busque saber quem é a pessoa, seus atos, contribuições e condutas reprovadas e ai, pense em fazer um juízo de valor, que também será subjetivo e "enlatado" dentro de uma dada referência de vida da pessoa.

sábado, 10 de setembro de 2011

Hotsite destaca participação do MMA na Rio+20

Além de trazer informações genéricas sobre a conferência, o hotsite dá ênfase ao pilar ambiental da Rio+20, que também se baseia em outros dois: econômico e social

06/09/2011

Maiesse Gramacho

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) inaugurou um hotsite para destacar sua participação na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), marcada para junho de 2012 no Rio de Janeiro (RJ).

Além de trazer informações genéricas sobre a conferência, o hotsite dá ênfase ao pilar ambiental da Rio+20, que também se baseia em outros dois: econômico e social. Nele, o visitante encontra detalhes sobre o processo preparatório, uma agenda com as principais reuniões previstas até junho, vídeos, documentos, publicações e notícias - tanto as produzidas pela Assessoria de Comunicação do MMA quanto as publicadas pela imprensa nacional.

Consulta - Na página também estão disponíveis informações acerca da Consulta Pública aberta pelo MMA para acolher sugestões às propostas que o Brasil submeterá ao Secretariado da ONU até o dia 1º de novembro próximo.

A Consulta Pública consiste em um questionário de 11 perguntas. Cada pergunta deve ser respondida em caráter individual ou em nome de qualquer organização, em no máximo 20 linhas, em fonte Times New Roman tamanho 12. Os questionários respondidos devem ser encaminhados, até o dia 25 de setembro, em formato '.doc', ao endereço eletrônico rio2012@mma.gov.br.

Posteriormente, o MMA tornará disponíveis, no hotsite, o documento apresentado pelo Governo Brasileiro ao Secretariado da ONU e a síntese das contribuições recebidas por meio da consulta.

A conferência - A Rio+20 ocorre vinte anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Rio 92, e tem como principal objetivo garantir o compromisso político internacional para o desenvolvimento sustentável.

Baseada nos pilares econômico, social e ambiental, a Rio+20 tratará basicamente de dois temas: a 'economia verde' no contexto da erradicação da pobreza e a estrutura de governança para o desenvolvimento sustentável no âmbito das Nações Unidas. É esperada a participação de chefes de Estado, de Governo e de representantes de mais de 150 países. O resultado deve ser um documento com foco político.

Para a ministra Izabella Teixeira, como sede o Brasil desempenhará papel fundamental nas negociações e acordos que serão costurados no encontro. Segundo ela, o País tem todas as condições de liderar uma mudança, em nível mundial, para economias mais 'verdes'.

Balanço - Além de renovar o compromisso mundial em torno da sustentabilidade, a Rio+20 também será uma oportunidade de os países-membros da ONU avaliarem o progresso alcançado nos últimos 20 anos, as lacunas ainda existentes na implementação dos acordos internacionais e os desafios novos e emergentes.

Fonte: ASCOM
Link: http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=ascom.noticiaMMA&idEstrutura=8&codigo=6952

domingo, 4 de setembro de 2011

Short lessons that you can learn with different people

"You laught at me because I'm different. I laught at you because you'are all the same". Bob Marley
Uma personalidade que não era apenas diferente, mas alguém que em suas palavras sabia ser humano, sabia ser sábio e simples, em suma, sabia ser ele mesmo.

Não será apenas sábio o ser que souber reconhecer valor na diferença, mas será sempre um ser com mais oportunidaes de ser mais completo, pois aquilo que lhe faltar saberá buscar e aprender com o outro.

E infelizmente o que mais percebemos entre as pessoas é um comodismo destrutivo em que as pessoas fazem suas escolhas apenas pela semelhança, se aprosionando em uma bolha de conforte onde não percebem o quanto estão tornando sua própria vida limitada.

Isso sem contar ou entrar no mérito de uma das vertentes mais perversas da exclusão e homogenização de um padrão que é a violência que certas depreciações da diferença podem gerar, um fenomeno que encontramos tanto nas escolas, como nas rodas de amigos e em todo e qualquer espaço de socialização humana, o que é claro incluí as organizações empresariais.

Viva a semalhança e viva a diferença!!!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Profissionais de Sustentabilidade: Os três estágios de uma mudança verde

Profissionais de Sustentabilidade: Os três estágios de uma mudança verde: "Os três estágios de uma mudança verde Cada fase pode requerer diferentes capacidades do líder. Entre elas, a de defender a mudança, transfor..."

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O artigo da HSM “Os Três Estágios de Uma Mudança Verde” publicado em fevereiro deste ano, na minha singela leitura conseguiu de um jeito simples exprimir bem a profusão do papel exercido por alguém que tem em mãos dentro meio empresarial a liderança sobre as diretrizes de sustentabilidade. Os professores Daniel Goleman e Christoph Lueneburger, foram felizes ao trilhar os desafios, caminhos e oportunidades dos tortuosos caminhos de definir (ou melhor trazer parâmetros) para definir quem e o que faz o profissional da Sustentabilidade, ainda que o enfoque do artigo esteja dirigido a estratégica e não a função.

Indo além, na minha opinião o artigo apresenta uma dinâmica onde esse papel não está relegado a uma única pessoa, embora ressalte a importância de haver uma liderança para a sustentabilidade no meio corporativo, mas essa não pode abrir mão de atuar em conjunto com outros lideres, em especial os de visão empreendedora, ou seja, àqueles que encarar sair da zona de conforto e assumirem uma postura empreendedora mesmo diante de estruturas normatizadas e por vezes hierarquizadas decorrentes dos modelos corporativos.

O líder de sustentabilidade precisa ser parceiro destes que conseguem encara o tema na mesma sintonia, mas não deve abrir mão de atuar junto aos "céticos" ou "contrários", seguro de que a dinâmica de avanços e retrocessos será uma constância, caso contrário, seria quase o desafio de Hércules em os doze trabalhos de Héracles ou uma atividade messiânica .

domingo, 24 de julho de 2011

Todo poder exige uma responsabilidade

O caderno especial do Jornal Valor Econômico, publicado em 22/07 "Eu&Fim de Semana, chamou minha atenção nesta semana ao trazer como materia principal "O improvável já é possível", que refletiu uma discussão bem interessante que há muito me intriga, sobre a a capacidade evolutiva das máquinas, em especial na conexão direta com o ser humano, sendo mais espefícico ainda com o cérebro humano.

Sei que para pessoas "mortais" como eu pouco nos damos o luxo de devagar sobre este assunto, contudo, vejo nesta área um dos temas mais importantes da humanidade, tanto pelo potencial que isso pode trazer para o bem do nosso processo evolutivo, assim como o inverso e a história tem nos mostrado essa relaçaõ empiricamente.

Ok, mas muitos se perguntaria o que isso tem haver com a temática deste blog, respondo em meu singelo entendimento. Tudo! Usando a lógica complexo e me abastecendo do pensamento explorado pela própria matéria, a projeção tecnológica do futuro expressada pela ficção ciêntifica nada mais é do que a visão que temos no presente sobre a que teremos do futuro, sendo a pergunta que emerge disso. Até onde será possível chegar e quais serão seus efeitos?

Para exprimir esse racional, o artigo dá o exemplo da invenção do automóvel. Lá atrás, será que alguém projetou quais seriam os benefícios dessa tecnologia? Sem dúvidas que sim, mas será que estressaram a fundo quais seriam os efeitos adversos de uma tecnologia que foi inventada para ser dependente de combustível fóssil, que emite fumaça e materiais particulados agravadores dos GEE e mais, que nos tornaríamos tão dependentes desta tecnologia a ponto de gastarmos um parte preciosa do nosso tempo de vida preso a ela em viagens homéricas no transito das grandes cidades e hoje em dia até nas pequenas, sofrendo e reclamando, isolados em um mundo a parte, mas ainda assim dependentes?

Quem imaginaria, lá atrás quando a "www" foi inventada para facilitar o fluxo de informação em longas distâncias, que as pessoas usariam seus smart phones para se comunicar umas com as outras em uma mesma mesa de bar a meio metro de distância, como presenciei e participei desta cena a menos de cinco dias, e com isso, perdendo uma das maiores riquezas do ser humano que é a capacidade social de se relacionar frente a frente, com sons, tatos e pensamentos e sentimentos nem sempre expressos pela máquina.

Por outro lado o avanço da tecnologia ICM (Interface Cérebro-Máquina), pode sim colocar a humanidade diante de novos problemas, mas por outro ângulo, será de um avanço extraordinário, para pessoas com deficiência, que perderam suas habilidade motoras, sensoriais ou intelectuais e que podem dessa tecnologia para se recompor ou mesmo que outras coisas boas podem emergir disso. Tudo dependerá significativamente da forma como vamos encarar e usar essa capacidade e esse poder.

Na matéria uma frase especial ganhou destaque aos meus olhos e que muito tem haver com a forma com encaro a sustentabilidade, sendo está para mim um movimento de percepção da realidade e das responsabildiades que assumimos diante do grau de consciência que ganhos sobre ela; Neste sentido, Luciano Floridi, explora a ideia da "ética aumentada". Luciano é filósofo Italiano, que vem explorando temas como filosofia e ética da informação.

Segundo Floridi - "Quanto mais sabemos e podemos fazer através da ciência e da tecnologia, mais nos tornamos responsáveis pelo que deve ou não acontecer à nossa volta. É por isso que descrevi a humanidade como uma espécie de demiurgo, para usar o termo de Platão. Isto é uma divindade poderosa, mas não onipotente, capaz de dar forma a um mundo maleável e mais antigo que ele. Se as coisas forem bem no planeta, vamos merecer todos os elogios, mas se fizermos bobagem, nada e nínguem pode levar a culpa por nós. Isso é uma carga muito pesada, que nenhuma geração futura deveria ter de carregar.


Trocando em miudos o pensamento de Floridi, a sustentabilidade pode ser encarada como esse movimento que desafio a sociedade reconhecer sua realidade e encarar seus desafios de frente, sendo todo avanço social e tecnologico bem vindo se usado com responsabilidade, pois esse é um "jogo" em que todos precisam e devem sair vencedores, considerando que o inverso é proporcionalmente aplicado, ou seja, não adianta caçar bruchas e apontar dedos sobre a face de "culpados", estamos todos inseridos na mesma rede de relações sistêmicas e a conta chegará a todos, ainda que para alguns mais rápido que outos, mas todos pagarão, inclusive de forma nada democrática, quem não participou de certas escolhas, como será o caso das futuras gerações.

domingo, 3 de julho de 2011

Teste mostra como é o dia a dia do Fusion Hybrid

Quando se fala de consumo consciente, logo vem a mente a redução do consumo, o que não deixa de ser uma verdade, porém uma premissa que não costuma ser bem aceita, salvo pelas pessoas que sem julgamento assumem postura mais radicais e que devem ser reconhecidas como meritosas. Contudo, há uma outra vertente sobre essa dinâmica pouco explorada, mas muito melhor digerida em uma sociedade em transição e ainda repleta de contradições, que é o consumo mais eficiente. Uma visão menos radical e que permite compatibilizar melhor a dinâmica entre necessidades básicas de consumo com as aspiracionais e emocionais.

Porém, como ainda não existe "free lunch" e por tanto ainda temos sobre as tecnologias inovadoras um custo adicional. Na realidade me questiono até se estamos falando mesmo de um custo adicional ou seria o custo "real", considerando que novos investimentos foram realizados para que as externalidades não sejam compartilhas com as pessoas que não fizeram parte de uma ou outra escolha de consumo ou mesmo não puderam fazer essa escolha, além do fato de que tais investimentos demandam tempo para ganhar escala e otimização de esforços, do justo "prêmio" pelo os riscos e ineditismo assumidos.

Na minha leitura a Ford marcou um "gol de placa" (embora acredito que WM não deva concordar com esta expressão neste caso) ao trazer para o mercado brasileiro (viciado e aprisionado em uma zona de conforto pelo etanol) o Novo Fusion Hybrid, permitindo que um veículo de quase duas toneladas, com motor 2.5 ep um conforto certamente invejável tenha um consumo médio inferior a muitos veículos 1.0 populares. Ainda que o mesmo apresente um custo quase 40% superior da versão convencional, para o público a quem este veículo se dirigi essa distinção tornar-se quase irrelevante se considerar todo o valor agregado que a tecnologia oferece, em especial pela responsabilidade de não repassar as presentes e futuras gerações as externalidades de suas escolhas.

Boa leitura!

sábado, 18 de junho de 2011

Responsabilidade Social Empresarial - Crônica de um impasse anunciado.

Gostei muito do artigo replicado abaixo, em especial pela sua capacidade de integrar as diferentes dimensões com que o assunto precisa ser tratado, em especial reforçando o papel das pessoas por inteiro, com suas crenças e intenções no processo ao contrário de algumas abordagens que tenho presenciado em que a fala é de fazer apenas a releitura do atual estado da arte, que já vem ao longo do tempo aclamando por uma revisão de valores.
Autor: Giovanni Barontini* 2007
giovanni.barontini@fabricaethica.com.br

Enquanto o mundo corporativo apropria-se dos temas da responsabilidade social empresarial e do desenvolvimento sustentável como poderosas ferramentas de comunicação, alocando recursos conspícuos em propaganda e marketing, muitas vezes superiores aos investidos nos próprios projetos e iniciativas objeto de divulgação, todos os indicadores sociais e ambientais do planeta parecem estagnar, quando não protagonizam um autêntico retrocesso[1].
Pululam os prêmios de responsabilidade socioambiental e os índices de sustentabilidade[2], que, longe de sinalizar um salto efetivo na consciência organizacional, parecem impulsionar um mero processo de transposição dos anseios competitivos de empresas e empresários, de terrenos mais tradicionais, como o da qualidade, por exemplo, para o mais “branché” e “cool” da sustentabilidade.
Todo mundo já ganhou, está ganhando ou vai ganhar algum reconhecimento, pela atuação exemplar na seara da responsabilidade empresarial, mas uma ponderação severa e criteriosa não conseguirá identificar muitas empresas, que tenham incorporado valores éticos, sociais e ambientais na sua forma de gestão e modelo de negócio.
Assim, questiona-se o significado de uma empresa de petróleo financiar a pintura das paredes de uma creche, caso não esteja investindo em energias renováveis (que representam o âmago de seu negócio), ou de um banco apoiar um torneio de basquete para deficientes físicos, enquanto mantém uma carteira de empréstimos e investimentos em setores que representam a velha e insustentável economia, amparada pela tragicômica ilusão das métricas do PIB.
Muitos profissionais da sustentabilidade aprenderam um jargão e ensaiaram umas atitudes, mas parecem atuar nesta área, com impecável profissionalismo, como poderiam desempenhar qualquer outro papel: o importante é “crescer” sempre e “vencer” sempre. A nova catequese é “sair na frente” em responsabilidade social, liderar nesta área sem compartilhar “o segredo” com ninguém: o modelo é o mesmo que se pretende abandonar e as condutas são impregnadas do equívoco do “politicamente correto” dos movimentos ecológicos mais radicais, acometidos pela doença do pluralismo relativista, em que todos têm direito de palavra (mesmo quando nada têm para dizer), mas é desaconselhado falar o que se pensa e sente verdadeiramente.
Dizer o que se pensa realmente, no ambiente empresarial como na vida desta bizarra sociedade que criamos, é considerado, amargaria a Clarice Lispector, uma “gafe”...
Perante este estado de coisas e ponderando, de forma apreciativa, os inegáveis avanços alcançados, apesar de tudo, pelo movimento da RSE, resta se perguntar: porque os mais de três bilhões de reais investidos anualmente, no Brasil, em filantropia, ação social, investimento social privado e responsabilidade empresarial não parecem lograr resultados efetivos? Porque a maior parte das organizações está envolvida em iniciativas que carecem, de forma cabal, de qualquer relevância e materialidade, deixando totalmente inalterado seu “business as usual”?
Ou, do ponto de vista do movimento da responsabilidade social e das consultorias em sustentabilidade: onde estamos errando e como podemos amenizar esta sensação constante de frustração, pela inocuidade de nossos esforços cotidianos?
O modelo integral AQAL[3], desenvolvido pelo filosofo Ken Wilber, pode oferecer uma formidável resposta a estas perguntas, representando um mapa que oriente nossas futuras opções estratégicas, a partir de uma melhor compreensão da realidade subjacente.
Em sua mais grosseira simplificação, o modelo propugna uma representação original da realidade, em quatro quadrantes absolutamente complementares e irredutíveis uns aos outros: o Superior Esquerdo, simbolizando o Interior do Indivíduo (também denominado de “intencional” e incluindo sua mente, percepções, emoções, símbolos, idéias e valores individuais); o Superior Direito, representando o Exterior do Indivíduo (também denominado de “comportamental” e incluindo tanto sua estrutura física e funcional, quanto seu comportamento, atitudes e manifestações externas); o Inferior Esquerdo, simbolizando o Interior do Coletivo (também denominado de “cultural”, correspondendo, em uma empresa, a seus valores coletivos e à sua cultura organizacional, como compartilhada por seus integrantes); e, por fim, o Inferior Direito, representando o Exterior do Coletivo (também denominado de “social” e incluindo as estruturas, mecanismos e ferramentas criadas e implementadas pela comunidade-empresa) [4].
Uma superficial análise das ferramentas de gestão e iniciativas empresariais, no campo da responsabilidade social corporativa, mostrará imediatamente, em toda a sua aflitiva dramaticidade, a quase exclusiva convergência de esforços do movimento no quadrante Inferior Direito (Exterior do Coletivo ou “social”).
De fato, todos os instrumentos, métricas, indicadores e iniciativas, sejam eles o Pacto Global, a Global Report Initiative, os Indicadores ETHOS de Responsabilidade Social, a SA8000, a AA1000, os balanços sociais e relatórios ambientais, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BOVESPA, os inúmeros prêmios de RSE ou os Códigos de Ética e de Conduta se situam exatamente no contexto da transformação da estrutura externa da organização empresarial (Exterior do Coletivo), impactando de forma bastante marginal ou nula a cultura organizacional (Interior do Coletivo), os valores das pessoas-funcionários (Interior do Indivíduo) e suas próprias posturas pessoais (Exterior do Indivíduo).
O mapa oferecido por Ken Wilber nos permite verificar, a título de exemplo, as razões da persistência da corrupção, em empresas que possuem declarações de princípios éticos e códigos de conduta. Obviamente, trabalhou-se na estrutura externa do quadrante social (elaboração, discussão e aprovação do instrumento “código de ética”: Exterior do Coletivo), mas não se atentou ao Interior do Coletivo (cultura organizacional: sempre se pagaram propinas e continuam-se pagando), ao Exterior do Indivíduo (o funcionário-pessoa, cujas condutas individuais, dentro e fora da empresa, não são alteradas por regras colocadas em um pedaço de papel), e ao Interior do Indivíduo (sistema de valores e consciência pessoal, que também não foram influenciados pela mera divulgação corporativa de uma declaração de princípios).
Entende-se, ainda, como uma empresa possa, por exemplo, ingressar o Índice Dow Jones de Sustentabilidade ou o nacional ISE da BOVESPA (instrumentos do quadrante Inferior Direito), sem “ser” socialmente responsável ou contribuir efetivamente para uma sociedade sustentável, cujo resultado só será alcançável através de um processo quádruplo de mudança (ação combinada nas quatro perspectivas que compõem a realidade, três das quais são quase totalmente ignoradas pelos próprios questionários de admissão nesses índices).
Desta forma, o consultor em sustentabilidade será convidado a auxiliar a organização na tentativa de obtenção de reconhecimentos “de quarto quadrante” (ganhar um prêmio de RSE ou ingressar em carteira privilegiada de ações), que só testemunham o eventual progresso da empresa com relação a uma das quatro facetas da realidade. O desconforto que advém do sentimento de que “ainda falta algo” (a consciência subjetiva e intersubjetiva, bem como a esfera comportamental individual, foram trabalhadas somente de maneira marginal e indireta...) não pode certamente surpreender.
Uma brilhante pesquisa conduzida por Barrett Brown, também utilizando o modelo AQAL, sobre os oito livros que podem ser considerados como “clássicos” da literatura sobre desenvolvimento sustentável[5], gerou conclusões impressionantemente semelhantes, ao descobrir que todos os textos analisados oferecem representações da realidade, conceitos e sugestões prevalente e invariavelmente focados no quarto quadrante (Exterior do Coletivo ou social).
Quer se trate de “Capitalismo Natural” do Rocky Mountain Institute ou de “The Natural Step”; da “Ecologia do Comércio” de Paul Hawken ou do relatório “Nosso Futuro Comum” da Comissão Bruntland; de clássicos de Lester Brown ou do World Business Council for Sustainable Development: todos os livros mais inspiradores de gerações de militantes das causas ecológicas, sociais e desenvolvimentistas concentraram-se em analisar, ou sugerir mudar, a estrutura ou sistema do Exterior do Coletivo (quadrante inferior direito).
Desta forma, entende-se, também, a eficácia somente parcial da aplicação ao meio empresarial, tão em voga, de aspectos cada vez mais populares da física quântica, física da relatividade, cibernética, teoria dos sistemas dinâmicos, teoria da complexidade, teoria do caos e autopoiese[6]: estas teorias só dialogam e atuam no âmbito do “sistema” empresa e da sua estrutura coletiva externa (quadrante inferior direito, novamente), mas nada nos dizem sobre o processo de expansão da visão de mundo e consciência espiritual do indivíduo-funcionário (quadrante superior esquerdo), da consciência organizacional e cultura coletiva ou comunal da empresa (quadrante inferior esquerdo) e da esfera comportamental da pessoa-membro da corporação (quadrante superior direito).
A questão não é como transmigrar de um suposto “paradigma” cartesiano para um novo “paradigma” holístico, pois ambos só se referem ou representam um quarto da realidade que desejamos reconstruir.
Em suma, nossa frustração decorre de um equívoco tático: acreditamos que seria possível construir uma realidade diferente, agindo sistematicamente só sobre um quarto dela, enquanto atenção e esforços mínimos foram endereçados para os restantes três quartos do Todo que pretendíamos modificar: como poderia dar certo?
Obviamente, as ferramentas de gestão e demais iniciativas de “quarto quadrante” também geram efeitos, indiretos e mediatos, nas outras três esferas (não há separação estanque entre quadrantes, mas integração dinâmica): entretanto, é preciso adotar estratégias mais abrangentes e integrais, que nos permitam consolidar propostas de intervenção e transformação mais profunda, nos três quadrantes até agora negligenciados.
Algo, deste ponto de vista, já está acontecendo.
Quando o Presidente global da Unilever leva os Presidentes das filiais mundiais para uma experiência vivencial na selva do Sri Lanka[7], ele está basicamente trabalhando o primeiro quadrante (Interior do Indivíduo).
Quando o Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social estipula parceria estratégica com o programa Vivendo Valores nas Organizações (VIVO) da Brahma Kumaris, também está se propondo a interagir, de forma extraordinariamente pioneira, nos quadrantes menos percorridos pelo movimento da responsabilidade social empresarial.
O caminho é infinitamente árduo, mas agora temos, finalmente, um mapa.

Cidade diferenciada

Boas ideias merecem ser replicadas, a proposta da matéria abaixo, além de ser ambientalmente interessante e também com efeitos positivos para a qualidade de vida ainda pode ser uma boa oportunidade de socialização.


Numa cidade diferenciada, os carros são domesticados e os pedestres têm prazer de andar pelas ruas

Folha de São Paulo
GILBERTO DIMENSTEIN

UMA EXPERIÊNCIA lançada neste ano entre universitários da cidade de São Paulo, batizada de Campus Aberto, está testando um jeito de economizar dinheiro com o táxi. Cada corrida pode sair até 70% mais barato. A ideia, muito simples, só é viável por causa das novas tecnologias da informação.
Em mapas publicados na internet, as pessoas registram seu trajeto diário para a universidade e descobrem quem mora perto. Combinam, então, de se encontrar num ponto de táxi. Simples assim. E sem nenhum risco à segurança.
Dependendo da distância que se percorra diariamente, é melhor negócio não ter carro e só pegar táxi, como demonstrou um professor da Fundação Getulio Vargas em reportagem da Folha na semana passada. Rachar o custo da corrida, então, faria essa conta ainda mais favorável, estimulando o cidadão a deixar o veículo na garagem.
Começa nesta semana uma campanha publicitária estimulada pela SOS Mata Atlântica para tentar reduzir o número de carros na cidade de São Paulo, quando serão apresentados meios de compartilhar o automóvel; o projeto criado para os universitários é um deles.
Esse tipo de ideia pega no Brasil?
Essa questão será discutida em um encontro, no final do mês no Brasil, entre prefeitos das 40 maiores cidades do mundo. Serão gestadas ali soluções para preservar o planeta.
Os automóveis são fonte permanente de problemas na locomoção dos indivíduos e favorecem o aquecimento global. Há uma criatividade planetária empenhada em domesticá-los. Em algumas cidades, estão implantando medidas mais radicais, como o pedágio urbano.
Espalha-se pelo mundo o projeto de compartilhamento de bicicletas, depois da visibilidade que ganhou em Paris e de chegar a Nova York. No Brasil, o teste está sendo feito no campus da USP.
Em Londres, há um movimento para estimular os vizinhos a emprestar seus carros. No final, o custo fica mais baixo que o de uma corrida de táxi. O único inconveniente seria a dificuldade de compartilhar a chave, problema que foi resolvido em San Francisco, nos Estados Unidos, o mais efervescente centro mundial de inovação em tecnologia da informação, onde desenvolveram um sistema que permite abrir e acionar o carro pelo celular.
Quando um empreendedor decidiu criar, nos Estados Unidos, uma empresa (ZipCar) para alugar carros por hora, foi chamado de maluco. Ele percebeu que muita gente preferia não ter um automóvel. A "maluquice" entrou na Bolsa de Valores, arrecadou, no mês passado, R$ 250 milhões e está obrigando as empresas tradicionais de aluguel de veículos a se reciclarem.
Uma das áreas que mais atraem ideias ousadas é a de produção de carros menores que não poluam. É uma tremenda diversão visitar laboratórios de universidades americanas e ver os garotos tentando inventar o carro do futuro. Em alguns deles, o motor fica na roda.
Uma das boas cenas que presenciei aqui em Harvard foi a apresentação de Jaime Lerner, num seminário sobre urbanismo e inovação, em que mostrou seu projeto do "menor carro do mundo", movido a energia solar -um carro pensado para ser compartilhado e facilitar o trânsito, não para uso particular. Foi uma comoção geral, em meio a aplausos.
Há uma sensação de que, em lugares como São Paulo, estamos próximos de um colapso. A informação está cada vez mais veloz, e o trânsito, mais lento e ameaçador à saúde. Na semana passada, a USP divulgou estatística de que, apenas na cidade de São Paulo, a poluição mata 4.000 pessoas por ano -mais do que a Aids e a tuberculose juntas.
Esse é o pano de fundo da polêmica em torno da estação Higienópolis do metrô, recusada por alguns moradores do bairro para afastar "gente diferenciada". A frase ajudou a fazer a combustão, mas foi só um detalhe. No passado, bairros ricos de São Paulo já recusaram o metrô por causa dos "diferenciados". Ganharam e não houve tanta repercussão.
O essencial é o crescente consenso de que, numa cidade diferenciada -isso significa civilizada-, os carros são domesticados e os pedestres têm prazer de andar nas ruas.

PS- Naquela palestra, Jaime Lerner mostrou o que para mim é a imagem mais estimulante de uma São Paulo diferenciada. Ele projetou um imenso parque num elevado em cima dos trilhos de trem que cruzam a cidade. Seria o maior parque linear do mundo e, na prática, acabaria com a divisão da cidade entre centro e periferia. Coloquei no Catraca Livre (catracalivre.com.br
) o detalhamento dos projetos citados na coluna.

sábado, 7 de maio de 2011

Profissionais de Sustentabilidade: Workshop de Sustentabilidade e Responsabilidade So...

Muito bacana a cobertura da Vivan Garcia no Workshop de Sustentabilidade e Responsabilidade Social na ABA, realizado em 12/04/2011.
Imagino que discussão deve ter sido extremamente rica e tendo a concordar com quase todos os pontos colocados.
Apenas com relação a provocação colocada pela Flávia Moraes, consultora com quem aprendo muito sempre de que a comunicação externa das empresas só deve ser feita quando a lição de casa estiver pronta, merece um pouco mais de discussão, porque vejo a sustentabilidade corporativa com que trabalhamos não como um modelo pronto, um conceito ou teoria acabada com paradigmas bem definidos, para saber quando a lição de casa estará realmente feita.
Vejo a sustentabilidade como um movimento que se reinventa a cada dia e nessa tocada, ainda temos o compromisso da transparência e engajamento e isso exige exposição e humildade para fazer e refazer. Claro que dentro dos limites éticos estabelecidos, além disso, como valorizar um movimento se ficarmos jogando ele só para dentro. Nós, profissionais que lidam com esse tema a frente das empresas, governos e academia precisam retirar de suas faces a culpa do "pecado" como se fosse um dogma católico que nos encasula como caracóis e criar exposições para que críticas construtivas sejam feitas. Claro que haverão as destrutivas também, mas isso caberá a cada um saber separar o joio do trigo.


Profissionais de Sustentabilidade: Workshop de Sustentabilidade e Responsabilidade So...: "Por Vivian Garcia* Com o ousado desafio de abordar, em um único dia, as diversas e abrangentes questões relacionadas à sustentabilidade foi..."

sábado, 2 de abril de 2011

Bombril cria instituto social. O que podemos aprender com essa iniciativa?


Bombril inaugurou no último dia 30/03/2011 o Instituto Sampaio Ferreira, com foco no desenvolvimento socioeconomico da mulher.


A iniciativa é interessante para visualizar o quanto as empresas estão buscando por meio do investimento social privado, um posicionamento mais próximo e alinhado ao seu cor business ou ao target da sua categoria.


Na mesma linha, na última semana (28/03/2011) o Walmart Brasil, promoveu um debate sobre a constribuição da Mulher no Desenvolvimento Econômico e Sustentável no Brasil. Estive lá o encontro foi em interessante e parabéns a empresa pela iniciativa.


Voltando ao caso da Bombril, que também lançou recentemento seu instituto com foco no desenvolvimento da mulher, me faz lembrar diretamento no conceito trabalhado pelo Kotller em seu último livro Mkt 3.0. Segundo Kotller "as pessoas se imporatma maiscom as empresas que se importam com elas", mas para isso é necessário mais do que qualidade, preço e entrega é necessário uma identificação de valor, uma afinidade em que as pessoas se conheçam como pessoas e não apenas como consumidoras de uma marca.


Em geral o mercado de bens de consumo não duráveis ainda tem a mulher como um fator predominante na decisão de compra e por isso, avalio que a escolha e foco dado pela Bombril foi muito feliz. Por meio do investimento social, além da empresa ter a oportunidade de contribuir de forma diferenciada com seu principal público, ainda terá melhores condições de condicer mais afundo esse público e isso não é oportunismo, mas sim estratégia de negócio e otimização de esforço, em síntese, uma iniciativa em que a sociedade ganha e traz eficiência e efetividade para o negócio, uma junção que se desenha "perfeita" ao mundo dos negócios.


Contudo, no caso da Bombril em particular tem uma fato que me chama ainda mais atenção, até o final de 2009 era uma empresa a beira da falência e buscaram uma recomposição com um bom choque de gestão, quando estavam com a casa mais ou menos organizada foram para o mercado posicionar a palha de aço, carro chefe da empresa, como um produto que sempre foi “sustentável” por ter características biodegradáveis ao contrário da concorrente 3M com tinha uma esponja sintética.


A propagando foi julgada “enganosa” pelo CONAR e isso poderia ter complicado ainda mais a vida da empresa, fato inclusive que foi motivo de duas publicações neste blog, sendo um com a matéria sobre a decição do CONAR (veja o link) e outra mais opiniativa sobre a situação (veja o link). Mesmo diante da inconsistência e viés oportunista que a estratégia apresentou há época, a empresa apostou nessa tendência, na época cheguei a fazer uma crítica dura a empresa, mas também coloquei claramente que seria uma ótima oportuniade dela aprender e buscar alternativas mais consistência.


Hoje fico entusiasmado de ter colocado essa perspectiva, porque logo na sequência a Bombril não apenas reviu seu posicionamento vazio, mas apostou na tendência e colocou no mercado a Linha ECO, que consiste em um conjunto de produtos de higiene e limpeza com princípios ativos naturais e menos agressivos ao meio ambiente, além de embalagens reduzidas, sistema de refil e um conjunto de informações reforçando uma série de atributos de sustentabilidade e com isso estão conseguindo filar uma boa fatia desse mercado, na qual eu estou incluído assumidamente.


Agora para coroar a estratégia estão lançando um braço social com foco no desenvolvimento da mulher, o que pode ter começado de forma oportunista deve ter gerado um bom aprendizado e está se mostrando uma boa oportunidade de negócio e claro, uma boa alternativa para a sociedade que também possa continuar sanando suas necessidades, com acesso a oportunidade de exercer uma postura mais consciente, responsável e sustentável diante de seus impactos ao meio ambiente.


Nós só temos a desejar sucesso a essa linha de negócios da Bombril e que o Instituto possa fazer um bom trabalho e que gere muitas oportunidades ao desenvolvimento da mulher no Brasil, o país precisa desse tipo de postura e iniciativa. Parabéns!

Um bom case do que o Kotller está chamando de empresas de valor!

Tendências sobre Eficiência, Inovação e Sustentabilidade na gestão de recursos hirdrícos

Artigo recente (22/03/2011) publicado no Jornal Valor Econômic (replicado abaixo), provavelmente motivado pelo dia internacional da água, apresenta de forma concretra e didática a associação entre eficiência, inovação e diferenciais alinhados as premissas de sustentabilidade, como algo que está deixando de ser uma tendência e se já materializando como projetos práticos e diferenciais competitivos.



Não tenho dúvidas que as empresas com profissionais e processos melhor preparados sobre estas premissas, terão melhores condições de alavancar ou sustentar mercados no futuro próximo. Restará saber quantos CEOs e empresas dotadas de suas racionaliades e busca por resultados terão visão aponto de ampliar seus horizontes e identificar as relações sistemicas e percepção de médio e longo prazo nas suas dinâmicas de planejamento estratégico.



Na minha singela leitura, nenhum planejamento por melhor que seja e geralmente são muito bons, terá condições de ser eficiênte se não considerar três itens básicos de dificil ou quase impossível adaptação nas "planilhas de excel": pessoas, cultura e recursos e serviços ambientais. Contudo, não digo isso sob a visão estreita de olhar para esses elementos como apenas como recursos, processos de gestão e insumos, mas na sua complexidade de questões vivas, orgânicas e multirelacionadas.



Obviamente que o artigo, não responde a fatídica pergunta de quanto se ganha com a sustentabilidade, mas deixa indicativos fortes de quanto podemos deixar de ganhar e até perder ao ignorar essa perspectiva. Novamentes estamos diante de escolhas sobre um processo em movimento, mas não são escolhas aleatórias, podemos sim fazer desse um processo com discussões, visões e análises críticas para que se façam escolhas conscientes e mais a frente (não muito distante) se colha os frutos de tais escolhas, que irão variar de acordo com a qualidade das escolhas e profundidade dado ao processo.
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Fabricantes têm como objetivo utilizar 1,5 litro de água para cada litro de refrigerante



Setor de bebidas fixa metas cada vez mais ambiciosas


Rosangela Capozoli Para o Valor, de São Paulo 22/03/2011 Claudio Belli/Valor


Jorge Tarasuk: os investimentos nem sempre são vultuosos, mas garantem uma grande economia de água



As ações desenhadas no âmbito de uma política de redução de consumo de água, às vezes, podem não ser as mais sofisticadas do ponto de vista tecnológico, mas os resultados sempre são altamente positivos. Diminuir o gasto, evitar desperdício, promover a reutilização e buscar fontes alternativas de água são metas sustentadas pelas indústrias dos setores de bebidas e alimentos que têm a água como principal matéria-prima.


Os investimentos variam de acordo com as novas descobertas, que em alguns casos, apesar do baixo custo, permitem economias acentuadas. Os exemplos vão desde desembolsos em peças fundamentais à base de plástico que custam, no mercado, parcos R$ 10 até volumosos desembolsos que necessitam de quantias que beiram R$ 5 milhões. As ações são adotadas à medida que pesquisas apontam a melhor alternativa para atingir a meta proposta.


Algumas das ações da PepsiCo, segunda maior empresa de bebidas e alimentos do mundo, por exemplo, se basearam em medidas simples e eficazes e em outras que demandaram grandes desembolsos, mas os resultados foram surpreendentes. "Os investimentos nem sempre são vultuosos. A instalação de um aerador no sistema de jateamento de água do cortador de batatas, por exemplo, custou R$ 10 cada peça e garantiu uma economia mensal de 5 mil metros cúbicos de água nas 29 plantas da região", afirma Jorge Tarasuk, vice-presidente de operações da Divisão de Alimentos da PepsiCo América do Sul.


Na outra ponta, a construção de uma estação de tratamento de água absorveu aportes financeiros próximos de R$ 5 milhões, segundo dados da empresa. Pelos seus cálculos, no campo, hoje, a PepsicoCo economiza 10% do líquido em relação há três anos. O ramo de produção de bebidas obteve, no mesmo período, um uso 7% inferior. "Na lavagem de garrafas substituímos a água pelo ar esterilizado. Entre 2006 e 2015, a meta mundial da companhia é reduzir 20% de água na produção. Estamos na metade do caminho e alcançamos 15% de redução.


Na América do Sul, algumas unidades já conseguiram ultrapassar o índice, atingindo 25% na divisão de alimentos", garante. Se um simples aerador garantiu redução dessa magnitude, a construção da estação de tratamento de água trouxe benefícios ainda maiores a PepsiCo Brasil. "Com essa estação passamos a fazer uma economia de 500 milhões de litros/ano, ou seja, o correspondente a uma fila indiana de 25 mil caminhões pipa de São Paulo a Curitiba ou o equivalente a 250 mil piscinas olímpicas", exemplifica o vice-presidente.


A Coca Cola Brasil, concorrente da PepsiCo na área de bebidas, se debruça sobre o tema desde 1992. "Começamos a pensar mais sobre a redução de água, energia e resíduos sólidos há quase 20 anos", afirma José Mauro de Morais, diretor de meio ambiente da Coca Cola Brasil. A companhia, segundo Morais, adotou a política dos 3Rs: reduzir, recompor e reciclar. "Qualquer produto nosso tem entre 90% e 99,5% de água. Hoje, grande parte dessa água é captada e tratada. Repor é o item mais novo. A água é uma questão de sobrevivência do nosso negócio. É nossa matéria-prima", diz. Das 46 fábricas instaladas no Brasil, todas seguem essa política, segundo o diretor. Satisfeito com o progresso obtido nessa área, a Coca Cola, segundo Morais, há dez anos necessitava de 2,5 litros de água para produzir um litro de bebida. "Hoje já baixamos para 1,95 litro, o que significa uma economia de 23%", afirma. Treinamento em mão de obra, de acordo com Morais, tem sido o maior investimento dentro da indústria para atingir resultados satisfatórios. "Fazemos um encontro anual na Coca Cola e sempre estabelecemos uma comparação entre as empresas. Aquelas bem sucedidas na redução do consumo servem de espelho para as demais", diz. Ao invés de usar ar esterelizado na limpeza das garrafas, como faz a PepsiCo do Brasil, a Coca Cola "recupera a água de enxague". "Há tempos atrás essa água corria pelo ralo hoje vai para o tratamento", informa.


Apesar de ter avançado bastante na questão da economia, o diretor da Coca Cola acredita que até 2020 todas as unidades fabris conseguirão reduzir ainda mais o consumo água ao fabricar um litro de bebida com apenas 1,5 litro de água. "Algumas fábricas como a de Jundiaí, no interior de São Paulo, e a de Brasília, localizada no Distrito Federal, conseguiram atingir esse objetivo", garante. A PepsiCo do Brasil, segundo Tarasuk, necessita, em média, de 1,65 litros de água para cada litro de bebida produzida. Além de seguir de perto a questão da redução no consumo, Morais conta que a companhia também participa do Comitê das Bacias. "Essa é uma forma importante e inteligente de dar sustentabilidade à questão da redução da água", ressalta.


A novidade mais recente da fabricante americana de alimentos PepsiCo na área de sustentabilidade, fica por conta do desenvolvimento da primeira garrafa plástica feita a partir de materiais vegetais renováveis e 100% recicláveis. Em um comunicado, no último dia 15, a companhia informa que "futuramente, o grupo quer (...) incluir cascas de laranja, maçã, batata, aveia e outros produtos agrícolas derivados de atividades agroalimentares". Ainda de acordo com a nota divulgada, "a PepsiCo está em uma posição única para utilizar os produtos derivados agrícolas (...) a fim de fabricar uma garrafa ecologicamente correta para nossa produção de bebidas". A produção desta nova garrafa deve iniciar em 2012, em uma experiência piloto.


A PepsiCo já havia inovado com embalagens plásticas 100% recicláveis para as batatas fritas Frito Lay. Mas elas foram retiradas do mercado americano, porque os consumidores consideraram que os pacotes eram muito barulhentos. Para este novo projeto, a PepsiCo garante que a garrafa terá o mesmo aspecto, a mesma consistência e oferecerá a mesma proteção de uma garrafa plástica clássica. Na França, o grupo Danone anunciou na semana passada que seu produto Actimel seria vendido no país em uma garrafa plástica composta por 95% de cana-de-açúcar, após ter introduzido plástico vegetal para a elaboração de garrafas de água Volvic.