sábado, 24 de julho de 2010

Empresas estarão preparadas para a era das pessoas?

Fabiano Rangel - Blog Sustentabilidade em Movimento

No artigo “Vem aí a comunicação empresarial mais gay, mestiça, mulata, feminina”, Paulo Nassar faz uma leitura interessante que é negligenciada pela maioria das organizações empresariais. Ele fala das tendências que poderão reger as decisões no meio corporativo, no caso em específico com foco na comunicação corporativa. São tendências condicionadas e alimentadas pelo fator humano e pela aproximação das organizações com a sociedade, em que se busca um viés de inclusão e do olhar segmentado, mas na perspectiva da complementaridade e não da fragmentação.



Uma mudança radical de paradigma, pois até então vivíamos e ainda vivemos uma cultura de alto suficiência e onipotência, onde organizações ainda estão viciadas a uma leitura de que se bastam, acreditando que podem tomar decisões unilaterais independente dos reflexos positivos ou negativos que isso gere as suas demais partes interessadas.

Basta uma leitura minimamente atenta e veremos o quanto as coisas mudaram ou está em processo de mudança, prova disso são as inúmeras e caras sentenças judiciais por assédios moral e sexual motivados por funcionários contra suas empresas, assim como ações judiciais e de repercussão pública motivadas por práticas discriminatórias contra clientes, que além do prejuízo pela indenização traz consigo um enorme gravame a reputação e a marca da organização.

Estamos diante da construção de novos paradigmas, fruto de muitos avanços, discussões e mobilização de diferentes atores da sociedade. Nessa perspectiva indivíduos antes anônimos, deixam de ser simples espectadores, para serem cada vez mais autores e/ou protagonista de suas realidades e assim, exigindo mais, se colocando mais e fazendo escolhas diante de suas realidades.

Nesse sentido, a abordagem do Amarthyas Sen sobre o "Desenvolvimento como Liberdade" é muito interessante, coloca em cheque alguns paradigmas necessários ao desenvovimento, em especial a conquista do desenvolvimento econômico, político e educacional para que as pessoas alcancem as reais condições para a liberdade.

Infelizmente nossa realidade ainda é adversa para muita gente, suprimidas das condições ideais que lhes permitiriam usufruir plenamente da liberdade, um direito essencial a saúde qualidade de vida. Porque a liberdade nos permite fazer escolhas, assumir nossa identidade, estar diante da vida por inteiro e dessa forma buscar satisfazer nossos desejos e necessidades livre de amarras simbólicas e concretas, que hoje em nome da sobrevivência, limita muita gente e consequentemente limita muito a perspectiva de negócios para as empresas.

O artigo do Paulo, na minha leitura vem nessa direção de provocar as organizações a entender que pessoas são indivíduos, tem identidade e como tal desejos, necessidades e expectativas similares e singulares, sendo que ambas devem ser observadas, respeitadas e acima disso compreendidas se há o real desejo ser uma organização inclusiva, perene e sustentável.

Afinal os novos paradigmas irão exigor cada vez uma leitura de interdependência empresarial em detrimento da independência. Empresas precisam aprender que não estão mais no centro das relações!

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