Novos desafios para a comunicação empresarial são presentes e também trazidos pelo futuro. O ontem, embora próximo, está marcado por regulamentações de todo tipo, produto da cultura de controlar os empregados e pela necessidade de conquistar metas quantitativas, de qualidade total ou de redução de problemas provocados por assédio sexual e moral no trabalho, o que resulta na imensa quantidade de manuais e códigos de ética, de conduta, segurança, meio ambiente, saúde.
Mas tome nota: o ambiente empresarial será novo, marcado pela liberdade do empregado para afirmar sua identidade: o somatório das dimensões subjetivas e objetivas de homens e mulheres.
Nos últimos 50 anos, o entendimento da comunicação pela administração experimentou uma evolução sem precedentes, provocada de fora para dentro das empresas. Essa transformação, no Brasil, provocou uma nova visão comunicacional e relacional em três grandes movimentos.
- O primeiro, nos anos 1980, foi conseqüência da democratização do país, quando demanda de trabalhador deixou de ser assunto de polícia e alcançou a mesa de negociação.
- Um segundo movimento, no início dos anos 1990, estava ligado à internacionalização da economia brasileira, que provocou mudança nos processos de produção para promover ganhos de produtividade e competitividade e minimizar os impactos ambientais e sociais. A comunicação empresarial atuou fortemente na capacitação e no comprometimento de trabalhadores semi-analfabetos com as causas das empresas.
- E um terceiro, a conscientização crescente do empreendedor sobre o conceito de empresa produtiva e afetiva, uma extensão da sociedade. Ou seja, a empresa não cresce ou se mantém sustentável se o administrador não considerar os desejos, os sonhos de seus empregados e os acontecimentos sociais, históricos e culturais no âmbito da sociedade – tudo o que era visto como fator externo ao processo de produção.
Portanto, a administração deve assumir novas formas de se relacionar com a diversidade comportamental, etária, étnica, religiosa. Imagine, neste momento, no mundo do trabalho, tão regulamentado e preconceituoso, as mudanças inevitáveis de áreas como comunicação e recursos humanos diante da conquista de direitos como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, aprovada recentemente na Argentina e em discussão no Brasil.
O gestor conectado no mundo, já entendeu que é preciso preparar a empresa, aprender a se relacionar, beneficiar e capacitar pessoas diversas, surgidas e legitimadas pela afirmação positiva dos homossexuais, das mulheres, dos índios, dos negros, dos mulatos, na sociedade. Em breve, teremos uma comunicação empresarial mais gay, mais feminina, mais mestiça. E por isso, mais humana.
Fonte: ABERJE
Paulo Nassar é Professor da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Diretor-geral da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje). Autor de inúmeros livros, entre eles O que é Comunicação Empresarial, A Comunicação da Pequena Empresa, e Tudo é Comunicação
Link: http://www.aberje.com.br/acervo_colunas_ver.asp?ID_COLUNA=308&ID_COLUNISTA=28
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