quarta-feira, 14 de julho de 2010

Qual a importância na decisão do CONAR sobre o caso da Bom Bril?

Comentários: Fabiano Rangel – Blog Sustentabilidade em Movimento
Data: 14/07/2010


Vejo a decisão do CONAR com otimismo e uma ponta de esperança na busca por um mercado ético, mais justo, responsável e sustentável. Acredito que essa decisão representa a seriedade esperada por muitos sobre as políticas públicas e das ações empresariais na relação com a sociedade, em especial com os consumidores.

Todos torcem para que dia a pós dia as empresas coloquem no mercado produtos e serviços economicamente viáveis, socialmente mais respostáveis e menos impactantes ao meio ambiente. Contudo, isso não pode ser licença para um jogo de vale tudo. Esse movimento precisa ser acompanhado de crítica e critério e no caso da campanha da Bom Bril, a falta de crítica e critério era evidente.

Tenho feito um esforço reflexivo nesse espaço para não entrar em julgamentos sobre as empresas serem boas ou más. Isso porque na minha leitura estamos todos inseridos na mesma rede de relações, afinal vivemos e dependemos de um sistema capitalista movido pela produção e consumo, portanto, em uma medida ou em outra somos todos responsáveis pelos efeitos positivos e negativos da atividade empresarial. Todos temos responsabilidades diante das nossas escolhas.

Assim como também aprendi que não há empresa 100% sustentável e tão pouco 100% insustentáveis. Prova disso é que muitas organizações e marcas já colocaram produtos e serviços no mercado que trazem muitos dos atributos de uma produção mais justa, responsável e sustentável.

Na minha leitura esse é um esforço que deve ser valorizado, como também entendo que iniciativas oportunistas como é o exemplo da campanha Eco da Bom Bril devem ser questionadas, não só por configurar um marketing vazio, sem embasamento como segue a fundamentação do CONAR, mas porque neste caso, acaba prestando um desserviço ao esforço que muitas organizações têm feito entorno desse movimento da sustentabilidade.

Nesse sentido, entendo que vale uma crítica a esta iniciativa da marca, mas não a condenação “eterna” da empresa, afinal ela precisa ter a oportunidade de se rever. O movimento deve ser inclusivo e a empresa precisa entender que essa campanha foi uma ação irresponsável e não apenas com o seu produto, mas com todas as demais empresas e marcas que estão fazendo seus esforços em busca de meios mais sustentáveis de se colocar no mercado.

Ações irresponsáveis como essa só ajudam a abrir mais espaço para o ceticismos que já existe sobre o chamado “greenwashing”.

2 comentários:

  1. Embora o processo apresentado ao Conar não tenha tido por base a idéia greenwashing - inclusive pq o mercado publicitário ainda não tem parâmetros oficiais para lidar com esse conceito - a decisão deve ser comemorada. Afinal de contas, greenwashing não é nada mais, nada menos, do que uma velha conhecida de todos: a MENTIRA. Dependendo de seu conteúdo, a mentira pode ser chamada de calúnia ou greenwashing, mas não deixa de ser pura e simplesmente mentira. E nunca, jamais poderemos admitir o uso da mentira na publicidade, nas relações comerciais... na vida! Seja pelo CONAR ou pelo simples ato de boicotar a marca na hora da compra, temos que repudiar todas as empresas e marcas que não pautam sua comunicação pela transparência e honestidade - dois valores que, tenho certeza, pautarão o século XXI.

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  2. Legal a matéria, mas acho que além da empresa, a agência de publicidade também tem sua responsabilidade.
    E o curioso é que esta é sempre esquecida pela crítica. Os publicitários estão tão blindados que se isentam praticamente da participação sobre a discussão da sustentabilidade.
    Para eles o que vale ainda é vender, vender e vender, não importa o custo para o meio ambiente e para o consumidor.

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