quinta-feira, 8 de julho de 2010

Italianos cobrem geleira para evitar derretimento

A matéria que segue pode ser lida sob duas perspectivas, uma bastante preocupante, porque o aquecimento global está cada vez mais se provando uma verdade inconveniente (como diria Al Gore) e inequívoca (como muitos cientistas têm afirmado). Por outro, já é possível ver que estamos avançando no desenvolvimento de tecnologias para adaptação e contenção dos efeitos negativos do aquecimento do clima na terra que se avizinha.

Claro que avançar no desenvolvimento tecnológico é sempre motivo para comemorar, porque essa capacidade melhora nossa condição de vida e ainda, desenvolve novas oportunidades de negócio.

Contudo, vejo que na maioria dos casos, subutilizamos a criatividade do nosso “meio de campo”, e, com isso, acessamos pouco o “ataque”. Fico com a impressão que estamos sempre jogando na defensiva, só reagindo aos efeitos reversos da inversão do clima.

Por que ainda temos tanto dificuldade em priorizar investimentos em inovações que ajam preventivamente, que sejam capazes de evitar colapsos ao invés de contê-los? Por que ao invés de limpar a “sujeira”, não a evitamos? Por que será que só saímos da inércia quando a água ultrapassa o pescoço?

Muitas perguntas e com certeza muitos têm ou terão ótimas respostas. Na minha singela leitura, vejo que ainda estamos confortáveis, presos em ética individual e irresponsável, pautada pelo “cerco” que sou capaz de construir no meu entorno, no qual supostamente acredito estar protegido. Resta saber de quem? Até quando? E por fim, se estou mesmo protegido ou tenho a ilusão de que estou?

Parece que enquanto não sou diretamente afetado, pouco faço pelo todo. Afinal o problema é do outro. A responsabilidade não é minha. O problema é que neste caso, em maior ou menor medida, todos acabam sendo afetados. Hoje o problema pode estar localizado, no caso, como mostra a matéria, na Itália. Porém, no médio e longo prazo os efeitos a extensão de colapsos climáticos como derretimento da Geleira de Presena poderá ser bem maior, porque o vivemos em um sistema orgânico, sistêmico e interdependente. Pensemos nisso!

Comentários: Fabiano Rangel – Blog Sustentabilidade em Movimento



Italianos cobrem geleira para evitar derretimento

A geleira Presena, no norte da Itália, está sendo coberta por uma tela térmica para diminuir o ritmo de seu derretimento durante o verão europeu (inverno no Brasil).

A tela especial, que filtra os raios ultravioletas do sol, foi importada da Áustria, onde este tipo de experiência tem dado certo.

Seus fios são de polipropileno e unidos formam uma trama permeável à água, mas capaz de permitir a troca de temperaturas internas e externas.

Dois anos atrás, um teste realizado na geleira italiana comprovou a eficiência desta ação, que conseguiu evitar 60% da neve do derretimento. Na experiência, a neve desprotegida perdeu um metro e meio de espessura a mais do que a parte coberta.

Os italianos usaram naquela ocasião 30 mil m² de tela. Com o resultado positivo, eles agora decidiram triplicar o perímetro de ação, passando para 90 mil m².

A tela tem uma espessura de 4 milímetros e pela cor branca se mimetiza com a paisagem, além de refletir os raios do sol. Ela vai ser retirada apenas no começo do mês de setembro.

"Este sistema funciona apenas se temos gelo embaixo da neve. E este é o caso do Presena. Se houvesse apenas a neve sobre o capim, a terra, ela derreteria de qualquer forma. Queremos proteger o gelo mantendo a neve fria", explica para a BBC Brasil Giacinto Delpero, presidente da empresa Carossello Tonale, responsável pelo trabalho de cobertura.

Operação
A colocação da tela sobre o glaciar é lenta e difícil por causa das condições climáticas adversas. A língua de gelo começa a 2.750 metros e continua até 3 mil metros de altitude. A temperatura chega facilmente aos -10ºC, mesmo no verão.

Operários desenrolam as faixas das telas - cada uma com 70 metros de comprimento por 5 metros de largura - do alto para baixo, colocando sacos de areia nas extremidades para manter o "lençol" preso ao terreno em caso de ventos fortes.

Ao mesmo tempo, cientistas estudam as características do manto e a espessura do gelo para, mais tarde, entender melhor o processo de encolhimento da geleira e suas consequências.

"Uma coisa é certa: o derretimento das geleiras ocorre por causa do aumento da temperatura global", disse o engenheiro ambiental e territorial Nicola Paoli, do Serviço de Proteção Civil da Província de Trento, onde fica o glaciar.

Ameaça
As geleiras de Trento já perderam 25% de sua massa total entre 1993 e 2003. O Presena apresenta a situação mais crítica, com uma redução da ordem de 39%.

Até 1980, a quantidade de neve acumulada no topo da montanha do glaciar durante o inverno equivalia em média ao volume derretido durante o verão.

O problema é que nos últimos 30 anos o desequilíbrio desta relação apresenta um resultado negativo para a geleira.

"E nos últimos quatro, cinco anos, observamos que a neve derretida dobrou em relação ao ritmo normal. A redução da espessura passou de um metro por ano para um e meio a dois metros", alerta o engenheiro.


Mesmo com 30 ou 40 metros de profundidade em alguns pontos, a sobrevivência do glaciar Presena não estaria garantida.

Fonte: BBC Brasil
Link: http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2010/07/08/italianos-cobrem-geleira-para-evitar-derretimento-917097727.asp
Data: 08/07/2010

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