terça-feira, 13 de julho de 2010

Por que nem todos identificam o “valor” da Biodiversidade?

Comentários: Fabiano Rangel – Blog Sustentabilidade em Movimento
Data: 13/07/2010

Estamos em plano ano mundial da Biodiversidade declarado pela ONU e confesso que desconhecia o relatório The Economics of Ecosystems and Biodiversity (TEEB) for Business divulgado essa semana, mas ao ler a matéria sobre o relatório que saiu no Boletim Eco-Finanças da ONG Amigos da Terra, fiz algumas conexões com o post recente que publiquei neste blog (11/07) intitulado “Como identificar e diferenciar o Joio do Trigo”, onde me desafiei a fazer uma rápida reflexão sobre a matéria “Sujo mais Lucrativo” publicada na Revista Isto É Dinheiro em maio de 2010.

Nesta reflexão busquei explorar de forma singela um pouco dos elementos que deveriam pesar sobre processos decisórios do meio empresarial. Na minha leitura os pontos essenciais seriam: os valores corporativos; a cultura organizacional e o contexto político, social e geográfico em que a atividade está inserida. Sendo os dois primeiros os definidores da missão da empresa, sua razão última de ser.

Quanto aos valores e a cultura organizacional, a provocação que fiz é sobre a convicção com que estes elementos são construídos e sedimentados na organização. Qual a base, importância e relevância destes? São realmente estas diretrizes que orientam a organização e a colocam em conexão com a sociedade?

Se as respostas a estas questões se mostrarem frágeis e/ou maleáveis, temos aqui um grande indício de que a convicção da razoável margem a conveniência, geralmente influenciada pelo contexto cultural, social e político do local em que atividade é explorada e assim recebendo o nome de “oportunidade”.

Uma “oportunidade” por sua vez que não considera a todos ou que deixa de lado elementos essências a vida, como por exemplo, a biodiversidade, pode ser um oportunismo ou qualquer outra coisa, mas não uma oportunidade.

Essa leitura em alguma medida pode nos ajudar a entender um pouco melhor os resultados tão paradoxais demonstrados pelo relatório TEEB, entre os CEOs dos países em desenvolvimento, que são altamente dependentes dos recursos e serviços naturais, dos CEOs da Europa Ocidental que gerenciam e decidem seus modelos de negócio em locais que já se industrializaram.

No primeiro cenário, mesmo entendendo a importância da biodiversidade há o desafio constante de crescer e se tornar um país desenvolvido. Essa pressão invariavelmente faz com que as organizações privadas e políticas abram mão de convicções e se disponham ao jogo do oportunismo.

Já no segundo, avalio que o fato de estarem em locais mais industrializados estes estão mais suscetíveis a perderem conexão sobre a importância do “capital natural”, reduzindo o grau de importância sobre a preservação da biodiversidade, inclusive para a sustentação da sua própria atividade. Afinal, cada vez mais a atividade produtiva é dependente dos países em desenvolvimento, seja pela importação de commodities agrícolas, minerais e ambientais, seja porque estão cada vez mais produzindo fora em decorrência do baixo custo com as questões sociais.

Se estes CEOs estão realmente tão desconectados assim, um caminho seria investir mais em mecanismos de indução que façam pressão sobre o mercado. Isso abre um bom espaço para se fomentar o protagonismo e a responsabilidade de consumidores, investidores, acionistas e organizações sociais, no sentido de exigir que as corporações desenvolvam seus modelos de negócio de forma mais justa, responsável e sustentável, ou seja, mais condizentes com sustentação da vida.

A biodiversidade é a uma das principais expressões da vida, assim, a homogeneidade não é apenas burra, mas sinônimo da decadência e da morte.

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