domingo, 11 de julho de 2010

Uma lei do clima não pode ser omissa as questões do transporte

Comentários: Fabiano Rangel – Blog Sustentabilidade em Movimento.
Data: 11/07/2010

No dia 26/06 postamos neste espaço matéria comemorando a aprovação do Decreto que regulamentou a Lei de Mudanças Climáticas no Estado de São Paulo. Obviamente este fato por si só era digno de comemorações e congratulações.

Porém, a comemoração agora precisa dar lugar à atenção, se realmente queremos ter motivos para comemorar. Matéria publicada no Estado de São Paulo no último dia 01/07, mostra que o Decreto foi no mínimo desatento em alguns pontos, deixando lacunas essências não apenas como medida de estabilização do clima, mas também como medida emergencial a boa saúde e qualidade de vida dos paulistanos.

É notório, inclusive para leigos como eu, que o transporte rodoviário é movido na sua esmagadora maioria a base de combustível fóssil e que este é um dos grandes gargalos dessa discussão, porque essa base de combustível é uma das principais fontes de emissões de GEE e materiais particulados no meio ambiente urbano. Portanto, um Estado que se propõe a assumir metas efetivas e claras de redução na emissão de GEE, precisa urgentemente colocar sobre a mesa a questão do transporte.

A matéria deixa claro que ainda temos um inventário incompleto, sabendo ser essa uma ferramenta fundamental para que a população entenda claramente o que precisa ser feito e que medidas precisam ser priorizadas. Além disso, é inexorável de que o transporte rodoviário entrará na ordem prioritária, uma vez concluído o inventário.

Quem vive na cidade de São Paulo, sabe bem o caos que é a cidade, seja pela dificuldade de locomoção fruto da falta de planejamento, que envolve desde a incapacidade do transporte coletivo suprir as necessidades de locomoção de forma digna até a concentração dos grandes pólos de serviços, que estão em locais de difícil acesso por meio do transporte coletivo, além de estarem cada vez mais distantes das regiões periféricas, que é onde se observada a maior concentração dos trabalhadores da cidade.

Outro reflexo pavoroso desse caos é o aumento das doenças respiratórias, em especial em épocas mais secas como o inverno. Quem de São Paulo não sente a garganta arranhar e ardência nos olhos nessa época do ano? Além disso, basta ter uma leve tendência a renite para sofre com espirros, corizas e dores de cabeça? Em suma, quem consegue produzir e ser um bom profissional nessas condições?

Agora imaginemos o gasto público com saúde por essas razões? Vou mais além, imagine o custo para o meio empresarial com queda de produtividade e afastamento, decorrente do agravamento de doenças respiratórias? Quanto não se perde de negócios, porque muitos profissionais estão horas a fio parados no transito? Quanto não se onera o transporte e a distribuição da indústria por depender massiçamente do modal rodoviário, em especial para grandes distâncias?

Diante desse cenário não dá para ficar discutindo de quem é a culpa, mas onde está o caminho para a solução, o que envolve todos os setores agindo de forma articulada. Afinal a busca pela sustentabilidade é um esforço continuo que exige responsabilidade e mudança de postura de todos, seja acompanhando as políticas públicas, seja repensando a organização do trabalho (veja mais), ou ainda, por meio da contribuição individual de cada um, por exemplo, abrindo mão do “carro nosso de cada dia” entre muitas outras medidas.

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